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Militares ganham funções estratégicas no Ministério da Saúde

A equipe de Nelson Teich no Ministério da Saúde tem recebido nomes indicados pela ala militar do governo para cargos estratégicos. As mudanças, que vão se estender pelos próximos dias, reforçam o que secretários estaduais e gestores do SUS estão chamando de “tutela” do Palácio do Planalto e da área militar, que já tem o secretário executivo, o general Eduardo Pazuello, o segundo na hierarquia da pasta.

Nesta quarta-feira, Teich disse que a nomeação dos militares não significa interferência direta do governo, mas uma resposta à necessidade de execução de trabalho em curto espaço de tempo e de forma organizada. “Sou o líder de um grupo que é composto por vários secretários. Meu papel é de liderança e de execução.”, disse. Teich afirmou que é preciso “evitar essa polarização se é um governo de militar ou não”. “Os militares têm competências que são muito importantes, o planejamento do trabalho em equipe, uma coisa organizada”, declarou.

Ao menos 10 militares já receberam ou devem ganhar cargos na pasta de Teich. Ao anunciar o ministro, o presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer que daria liberdade para o médico escolher parte da equipe, mas reconheceu que também indicaria nomes. “Ele vai nomear boas pessoas, eu vou indicar algumas pessoas também, porque é um ministério muito grande”, disse Bolsonaro em 16 de abril.

Uma das principais mudanças previstas é a nomeação do coronel Alexandre Martinelli Cerqueira na Diretoria de Logística (DLOG), área responsável por compras do ministério. O militar deve ocupar a vaga de Roberto Ferreira Dias, indicado ao cargo pelo ex-deputado Abelardo Lupion (DEM-PR) no começo do governo. Em tempos normais, a DLOG realiza compras de medicamentos e outros insumos que somam cerca de R$ 10 bilhões anuais. Durante a pandemia, a pasta passou a fechar contratos de forma emergencial, sem licitação.

Gestores do SUS reclamam desde a gestão de Luiz Henrique Mandetta (DEM) sobre promessas não cumpridas de compras para enfrentar a covid-19. O ministério distribuiu 17,6% dos leitos de UTI; 3,3% dos respiradores; 20% dos testes rápidos (contraindicados para diagnóstico) e 3% dos testes RT-PCR (recomendados para diagnósticos) prometidos a Estados e municípios.

O loteamento de militares no ministério ocorre em parcelas. Ontem, foram nomeados o tenente-coronel Marcelo Blanco Duarte como assessor no DLOG; o coronel da reserva Jorge Luiz Kormann como diretor de programa; o tenente-coronel Reginaldo Ramos Machado como diretor de Gestão Interfederativa e Participativa; a terceiro-sargento Emanuella Almeida Silva como coordenadora de pagamentos de pessoal e contratos administrativos e o coronel da reserva Paulo Guilherme Ribeiro como coordenador-geral de Planejamento.

Nos próximos dias devem ser nomeados ainda o tenente-coronel Cézar Wilker Tavares Schwab ao cargo de subsecretário de Planejamento e Orçamento e o coronel Luiz Otávio Franco Duarte ao cargo de subsecretário de Assuntos Administrativos.

General

Teich tem sido acompanhado em reuniões por Pazuello, secretário executivo da pasta, apontado em tom irônico por secretários de Estados e municípios como verdadeiro chefe da Saúde. “O secretário-executivo tem o papel de fazer as coisas acontecerem. Hoje um dos grandes problemas que a gente tem é velocidade, eficiência”, justificou Teich. “O general Pazuello tem uma história de ter feito coisas grandes em execução. A razão de ele estar ao meu lado não é porque ele é militar, é porque ele é competente nisso, é eficiente.”

O secretário executivo adjunto, também nomeado na gestão Teich, é o coronel Elcio Franco Filho. Gestores do SUS que participaram recentemente de reuniões com o ministro afirmaram ao Estadão que Teich parece “perdido” e sem dar uma diretriz sobre o que pretende fazer.

A composição da equipe de Teich reflete acordos do governo Bolsonaro para costurar apoio tanto da ala militar como de partidos . A Secretaria de Vigilância em Saúde foi prometida ao PL. A pasta hoje é ocupada pelo epidemiologista Wanderson Oliveira, que ganhou projeção ao formular a estratégia contra a covid-19. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Mateus Vargas

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