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Coronavírus: Paraguai adia volta às aulas para dezembro

O ministro da Educação e Ciências do Paraguai, Eduado Petta, anunciou que as aulas presenciais ficarão suspensas até dezembro deste ano para evitar a propagação do novo coronavírus. A decisão afeta cerca de 1,4 milhão de estudantes do ensino público e privado.

No final de março, a Organização das Nações Unidas (ONU) estimou que mais de 850 milhões de crianças e jovens em todo o mundo estavam com as aulas suspensas devido à pandemia.

“A comunidade educacional move um grande número de pessoas e pode ser um setor vulnerável para a disseminação do vírus. Sabemos que é uma decisão sem precedentes”, afirmou o presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez. Por enquanto, os alunos continuam tendo aulas a distância, com o uso de ferramentas digitais. De acordo com o último levantamento do governo, essas ferramentas alcançam 88% de funcionalidade. No caso de comunidades vulneráveis sem acesso à internet, os colégios estão oferecendo material em meio físico, para que as famílias busquem, a fim de garantir a continuidade do ano letivo.

A partir do dia 4 de maio, haverá um recesso escolar de 10 dias para os alunos da educação infantil, do ensino fundamental e do médio. Depois do recesso, as aulas a distância, em vigor desde o dia 10 de março, serão retomadas.

Em comunicado, o governo do Paraguai destaca a maior flexibilidade do calendário escolar deste ano e diz que o país e o mundo inteiro passam por diferentes momentos de aprendizado devido à pandemia da Covid-19. Por isso, o Ministério da Educação e Ciências faz os ajustes necessários e considera os requisitos das diferentes áreas, como para os ensinos técnicos, que precisam realizar suas práticas pessoalmente e apoiados pelas ferramentas disponíveis para o desenvolvimento contínuo das aulas para não perder o ano letivo, acrescenta o texto,

O ministro da Saúde, Julio Mazzoleni, ressaltou a necessidade de manter as aulas suspensas ao longo dos próximos meses. “Outro elemento que é muito importante do ponto de vista epidemiológico é que estamos entrando no inverno, quando temos uma série de vírus respiratórios que normalmente causam estresse no sistema de saúde. A possibilidade desses vírus se espalharem de maneira normal e aumentarem a demanda por consultas, ou mesmo hospitalizações, no sistema de saúde pode fazer com que nosso pessoal e nossos filhos tenham que ir a hospitais com o consequente risco associado no contexto de uma epidemia de coronavírus.”

 Quarentena Inteligente

O Paraguai anunciou a volta gradual das atividades econômicas com a chamada “quarentena inteligente”, um plano de turnos rotativos que engloba diferentes áreas de trabalho. Assim, o país, que teve uma das ações mais duras e restritivas no início da pandemia, prepara-se para retomar as atividades, mantendo as medidas de distanciamento social e de higiene.

O país tem população de 6,9 milhões de pessoas. Até o momento, foram registrados 230 casos da doença e nove mortes. O primeiro caso do novo coronavírus foi identificado no dia 7 de março. Três dias depois, no dia 10, foi decretada uma quarentena parcial, com suspensão das aulas e de atividades que implicassem aglomeração de pessoas.

Com o passar dos dias, medidas como o fechamento das fronteiras, restrições no desembarque de estrangeiros e toque de recolher noturno foram tomadas. No dia 20 de março, o país decretou quarentena total, mantendo apenas as atividades essenciais em funcionamento. No dia 4 de maio, 700 mil trabalhadores voltarão, gradualmente, às suas atividades laborais.

Peru sem aulas presenciais

Na semana passada, o presidente do Peru, Martín Vizcarra, informou que os estudantes continuariam com as aulas a distância durante todo o ano letivo de 2020.

O Ministério da Educação peruano lançou uma ferramenta chamada Aprendo em Casa para que os alunos possam dar seguimento às aulas, durante o período de isolamento domiciliar.

De acordo com o governo do Peru, para avaliar o aprendizado desenvolvido com o Aprendo em Casa, os alunos elaborarão trabalhos que serão revisados ​​pelos professores quando as aulas presenciais forem retomadas ou ainda durante a fase a distância, dependendo das condições disponíveis.

Os colégios particulares estabelecerão seus próprios mecanismos de avaliação e planos de recuperação de conteúdos.

O Peru tem 31,9 milhões de habitantes e, até o momento, 28.699 casos confirmados da Covid -19 e 782 mortes.

Outros países

No México, as aulas devem voltar, a princípio, no início de junho. O país desenvolveu um programa televisivo chamado Aprenda em Casa, reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e baseado em livros didáticos gratuitos. 

Segundo o secretário de Educação Pública, Esteban Moctezuma Barragán, o programa conta com ferramentas de acesso para pessoas com deficiência, como tradução para a linguagem de sinais mexicana e closed caption para os deficientes auditivos. 

Barragán enfatizou que a ideia não é assumir o papel dos professores, que são insubstituíveis. “O que se busca com o programa Aprenda em Casa é que meninas e meninos continuem aprendendo e que o vínculo entre pais e professores seja mantido, pois, na realidade, a escola é precisamente esse vínculo, não necessariamente o edifício.”

Na Argentina, o ministro da Educação, Nicolás Trotta, afirmou que ainda não se pode precisar a data de retorno à escola. Para Trotta, o mais importante é como será a volta às aulas.

O ministro argentino afirma que a vida escolar não será mais a mesma. A pandemia de coronavírus deixará novos hábitos sociais que os alunos terão que incorporar, além do conteúdo acadêmico perdido.

Ele defende o retorno gradual às atividades. A data de início não será a mesma em todas as províncias, e alguns alunos voltarão a estudar antes dos outros. A prioridade deve ser para os que estão no último ano do ensino fundamental e no último do ensino médio.

No Uruguai, os alunos realizam atividades didáticas através da plataforma Ceibal (Conectividade Educativa de Informática Básica para o Aprendizado Online, em tradução livre), criada em 2007.

De acordo com o governo uruguaio, 85% dos estudantes de ensino infantil e do fundamental frequentam a escola e têm acesso ao dispositivo Ceibal para acessar o conteúdo em casa. Os alunos de escolas particulares também têm acesso ao programa

O governo uruguaio havia previsto a volta às aulas para o dia 13 de abril, mas adiou o retorno por tempo indeterminado. O país tem 3,5 milhões de habitantes, 620 casos de Covid-19 e 15 mortes.