O dólar teve novo dia de alta e voltou a tocar no patamar de R$ 4,20 na máxima do dia. Nos 11 pregões de 2020, a moeda americana caiu apenas em dois, acumulando alta de 4,4% até hoje. Com isso, o real se mantém com o pior desempenho ante a divisa dos Estados Unidos em uma lista de 34 moedas fortes e emergentes. A divisa dos EUA subiu no exterior hoje por causa da divulgação de bons indicadores da economia americana. No mercado interno, prosseguiu a preocupação dos investidores com o crescimento da atividade econômica, embora o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) tenha vindo melhor que o previsto, com crescimento de 0,18% em novembro. O dólar à vista fechou em alta de 0,14%, a R$ 4,1902.
O dólar operou em queda pela manhã, chegando a recuar na mínima para R$ 4,1608, com a publicação do indicador do BC. Mas com a divulgação nos EUA de números bons, como as vendas no varejo, o dólar se fortaleceu no exterior. O DXY, que mede o comportamento da moeda americana ante uma cesta de divisas fortes, operava em queda, mas passou a subir. O dólar também subiu ante divisas emergentes, com destaque para a Rússia (+0,49%), Colômbia (+0,63%) e África do Sul (+0,28%).
O movimento de recomposição de posições dos investidores prosseguiu hoje, com a consolidação da visão de que o real deve seguir mais desvalorizado, ao contrário do que se esperava anteriormente. Profissionais de câmbio também notaram aumento da demanda por hedge em dólar, o que favorece a pressão no câmbio.
“Do ponto de vista macroeconômico, não faz sentido o dólar estar neste nível”, afirma o chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora, Fabrizio Velloni. O cenário externo, observa ele, também ficou menos adverso, sobretudo após a assinatura do acordo comercial inicial entre Estados Unidos e China. Um dólar mais condizente seria na casa dos R$ 4,05.
Para Velloni, o baixo diferencial de juros do Brasil com o resto do mundo segue pesando e também as preocupações com um crescimento menos forte do que o esperado, após os recentes indicadores mais fracos. Um Produto Interno Bruto (PIB) mais forte, diz ele, pode trazer mais recursos externos para, por exemplo, projetos de infraestrutura. Mas pelo que se desenha, o primeiro semestre deve ser marcado por um PIB mais fraco e ainda dúvidas sobre o avanço das reformas de Jair Bolsonaro no Congresso.
Notícias de captações externas de empresas brasileiras, que podem representar entrada de recurso no País, reduziram um pouco o ritmo de alta perto do fechamento. O Itaú Unibanco lançou emissão de US$ 1,5 bilhão em bônus. Já a Globo Comunicação e Participações pretende captar US$ 300 milhões. A Klabin e a Rede D’Or também estão com emissões no exterior esta semana.
Por Altamiro Silva Junior
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