A construtora MRV (MRVE3) divulgou na quarta-feira (15) sua prévia operacional do primeiro trimestre de 2020. A companhia obteve o seu maior volume de vendas líquidas para um trimestre, totalizando R$ 1,67 bilhão, 27,9% acima do primeiro trimestre de 2019. O cancelamento de vendas também foi o menor da história para um 1º trimestre, VGV de R$ 123 milhões, 27,8% a menos que no 1T2019.
O volume de lançamentos atingiu Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 1,08 bilhão, número estável na comparação anual e mais de 50% inferior ao do 4T2019.
O destaque negativo foi a queima de caixa de R$ 183,5 milhões no trimestre, afetado pelo descasamento na relação entre as suas vendas e os repasses relacionados com o Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Das vendas líquidas do trimestre, o volume de repasse ficou em 64%.
O resultado operacional da MRV foi bom em termos de vendas, mas bastante afetado pelo atraso no repasse do MCMV, o que ocasionou forte consumo de caixa no trimestre. Por essa razão, esperamos impacto negativo no preço de suas ações (MRVE3) no curto prazo.
No ano as suas ações registram queda de 37,6% ante a queda de 31,8% no Ibovespa.
Os dados confirmam a retomada do ciclo da construção civil iniciado no fim de 2018, confirmado em 2019, e que vinha acelerando ainda mais em 2020. Analistas apostavam na continuação de números operacionais vencedores no ano, após as construtoras fecharem o 2019 bem na foto.
Embora não tenha apresentado mais detalhes, o VGV dos lançamentos foi baixo devido ao adiamento de parte dos lançamentos previstos para o período por conta do fechamento dos seus pontos de venda, que ficaram inoperantes a partir de meados de março em decorrência das medidas de prevenção à covid-19. Ademais, a produção foi parcialmente paralisada apenas em alguns momentos e chegou a alcançar 20% do total das suas obras, mas com efeito temporário.
O principal catalisador das ações da MRV será o comportamento do cancelamento de vendas bem como os seus repasses relacionado ao programa habitacional MCMV. Estes riscos afetam em especial a MRV devido a sua maior sensibilidade ao nível de renda e emprego da população.
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