O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira, 8, que a autoridade monetária não entra na discussão entre as medidas necessárias para conter a pandemia do novo coronavírus e os impacto econômicos decorrentes dessas medidas. “Isso é uma decisão das autoridades competentes. Nós não entramos nessa questão das escolhas”, afirmou, em conversa virtual organizada pelo Credit Suisse.
Questionado sobre o impacto da crise no Produto Interno Bruto (PIB), Campos Neto avaliou que isso ainda depende muito de quanto vai durar o isolamento social. “A crise é muito difícil de ser quantificada. Conseguimos detectar com alguma antecedência o impacto no setor de serviços. E há ainda um medo grande do vírus. Vai haver crescimento negativo, é quase certo isso”, completou.
Ele citou setores mais afetados, como aviação e turismo. “Vamos ter que ajudar alguns setores. O governo não deixará haver nenhuma ruptura”, prometeu.
Para o presidente do BC, as economias devem se fechar mais depois da pandemia. Por outro lado, ele citou o dinheiro investido em pesquisas contra o novo coronavírus. “Algumas pessoas acham que pode haver segunda onda de contaminação.”
Reformas
Campos Neto avaliou que a saída de investimentos de mercados emergentes na crise atual é dez vezes maior do que a observada na crise de 2008. “Em um mundo de calmaria, os investidores tendem a menosprezar um pouco o risco. Agora, quando há estresse grande, há grande procura dos investidores por segurança em países do primeiro mundo”, analisou.
E completou: “É difícil imaginar que medidas adotadas para receptor de recursos são as mesmas para o doador.”
Campos Neto disse ainda que deve haver uma interrupção na agenda de reformas durante a adoção de medidas para o combate à pandemia do novo coronavírus, mas disse acreditar no retorno das reformas após a crise. “No momento, o importante é criar condições de liquidez”, definiu.
O presidente do BC afirmou que a autoridade monetária notou a reprecificação do crédito na ponta, sobretudo para as pequenas empresas em relação às grandes. “Houve muito crescimento de crédito na ponta, justamente quando baixamos a Selic em 0,50 ponto porcentual. Isso tem pouco a ver com a Selic”, justificou. “Não é que acreditamos que a política monetária não tenha influência, mas estamos focando em liquidez e capital no momento”, concluiu.
Por Eduardo Rodrigues e Fabrício de Castro
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