O dólar operou o dia todo em queda, com o mercado cambial brasileiro acompanhando o exterior. A terça-feira foi marcada por alta forte das bolsas, no mercado brasileiro, na Europa e nos Estados Unidos, em razão das crescentes medidas extraordinárias tomadas pelos governos para tentar limitar os efeitos da pandemia na atividade econômica. Em Washington, a perspectiva de aprovação ainda hoje de um pacote fiscal trilionário também ajudou a estimular a busca por ativos de risco. Com o clima um pouco mais favorável, o Banco Central interrompeu a sequência diária de leilões de dólares e hoje não fez intervenção no mercado – o real terminou o dia, no geral, em linha com outros emergentes. O dólar à vista fechou em baixa de 1,03%, a R$ 5,0820.
No mercado doméstico, as mesas de câmbio monitoraram as declarações do Congresso e do governo sobre as medidas para contornar os efeitos da pandemia, mas o maior efeito hoje nas cotações do dólar aqui foi externo. No mercado internacional, a moeda americana caiu ante divisas fortes e emergentes, com destaque para o México, onde recuou 2%.
A economista-chefe em Chicago da corretora Stifel, Lindsey Piegza, ressalta que os investidores estão impacientes com o Congresso americano, que ontem não conseguiu pela segunda vez aprovar o pacote fiscal de Donald Trump, e a expectativa é que isso ocorra o mais rápido possível, possivelmente ainda hoje. Ela observa que a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de anunciar compras de ativos, sem limite de valor e sem prazo para acabar, mostra que a instituição e outros formuladores de políticas passaram a adotar a abordagem de “fazer o que for preciso”. Com isso, conseguiram ao menos momentaneamente tranquilizar os mercados.
Para o estrategista e sócio da TAG Investimentos, Dan Kawa, no curto prazo é preciso a aprovação do pacote fiscal nos EUA, assim como uma visão mais clara da disseminação do vírus na Itália. Para ele, ainda é cedo para afirmar que estamos diante de um ponto de inflexão ou inversão de tendência e uma maior tranquilidade dos mercados viria do anúncio de alguma vacina ou de um processo de curva na Covid-19.
A forte volatilidade no mercado financeiro mundial por conta da crise gerada pelo coronavírus já fez os investidores internacionais retirarem US$ 78,7 bilhões dos mercados de ações e renda fixa dos emergentes, em meio à busca de “portos seguros”, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos 450 maiores bancos do mundo, com sede em Washington. Esta fuga de capital já é equivalente a tudo que esses países receberam em aportes em 2019, que somou US$ 78,8 bilhões.
Por Altamiro Silva Junior
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