O ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu nesta sexta-feira, 17, que existe um receio de que em um ano eleitoral haja pressões de aumento de gastos que voltem a elevar o déficit fiscal. “No fim do PEC dos Precatórios, o déficit em 2021 é de 1% do PIB e de 0,4% em 2022. Mas receamos mesmo que em um ano eleitoral possa haver pressões para levar esse déficit para 1%. Não queremos voltar ao caos com todo mundo dando aumento de salário. Não é razoável depois que agora que temos vacina todo mundo queira dinheiro”, completou.
O ministro reforçou que a mudança na fórmula de cálculo do teto de gastos não foi uma ideia da equipe econômica, que segundo ele lutava para encaixar o Auxílio Brasil dentro da regra fiscal. Ainda assim, ele avaliou que o teto não pode ser um “dogma”. “Não adianta ter símbolo de austeridade social com fragilidade social. Veio do parlamento a sugestão de antecipar a revisão do teto que seria feita em 2026”, relatou.
Para Guedes, a alteração no teto é tecnicamente justificável ao sincronizar o limite com as despesas, mas ficou com uma cara política de “oportunismo”. “Apesar do senso de oportunismo que ficou, no final não foi mais dinheiro para política, foi para onde teria que gastar mesmo, como previdência e vacina. No orçamento que estamos examinando, não há espaço para gastos políticos”, argumentou. “É completamente descolada da realidade a acusação de oportunismo fiscal. Concordo com receio de maior gasto em ano eleitoral, mas não há populismo na foto de hoje”, frisou.
Mais uma vez, Guedes repetiu a avaliação de que o Plano Real tirou problema do gasto do presente e jogou para futuro, com dívida em bola de neve. Com o teto de gastos, reforçou, houve uma promessa de controle de gastos ao mesmo tempo em que foram concedidos reajustes ao funcionalismo. “O teto é um símbolo, uma bandeira de austeridade. Mas o governo anterior só colocou teto, mas não fez reforma da previdência nem controlou gastos. Nós tivemos que cumprir”, reafirmou.
Ele ainda admitiu ficar surpreso quando projetos do governo que supostamente teriam acordo para serem aprovados no Congresso acabam não passando pelo crivo dos parlamentares. “Fico tão atônito quanto vocês. O negócio está pronto e aí não passa por questões políticas que eu não entendo”, confessou, em coletiva de fim de ano.
Por Eduardo Rodrigues e Thaís Barcellos
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