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Mandetta prevê colapso do sistema de saúde em abril; Bolsonaro vê ‘gripezinha’

No mesmo dia que o País confirmou a 11ª morte pelo novo coronavírus, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que até o fim de abril haverá um “colapso” no sistema de saúde por causa da velocidade com qual a doença tem se propagado. Na mesma entrevista, o presidente Jair Bolsonaro voltou a minimizar a pandemia, tratando o vírus que já matou mais de 10 mil pessoas no mundo como uma “gripezinha”.

O presidente e o ministro têm demonstrado um descompasso nas declarações sobre o enfrentamento da crise. A de Mandetta foi dada durante videoconferência com 22 empresários, representantes das maiores companhias do País em setores como medicamentos, telecomunicações, aéreas e financeiras. Segundo o ministro, o “colapso” significa você ter recursos, mas não ter capacidade para atendimento dos doentes. “O que é um colapso? Você pode ter o dinheiro, o plano de saúde, mas simplesmente não há sistema (de saúde) para você entrar”, disse.

A previsão do ministro é de que a velocidade de propagação da doença deve aumentar nas próximas semanas e o número de casos só começará a cair em setembro. “A gente deve entrar em abril e iniciar a subida rápida. Isso vai durar os meses de abril, maio, junho, quando ela vai começar a ter uma tendência de desaceleração. O mês de julho deve começar o platô. Em agosto, o platô vai começar a mostrar tendência de queda e aí a queda em setembro é profunda, tal qual a de março na China”, afirmou Mandetta.

Bolsonaro, que se referiu à crise como “fantasia” na semana passada, cobrou uma maior “conscientização” da população em relação ao enfrentamento do vírus. No entanto, ao ser questionado pelo Estado se divulgaria o resultado dos exames que realizou para saber se havia contraído o coronavírus, voltou a se referir à doença como algo menor. “Depois da facada, não vai ser uma ‘gripezinha que vai me derrubar”, disse o presidente, que usava uma máscara cirúrgica durante a entrevista no Planalto.

Em uma escalada na forma como o governo trata a questão, o Ministério da Saúde declarou ontem estado de transmissão comunitária em todo o Brasil, o que significa admitir não ser mais possível rastrear qual a origem da infecção, indicando que o vírus circula entre pessoas que não viajaram ou tiveram contato com quem esteve no exterior – só dois Estados ainda não relataram casos.

A portaria, publicada em edição extra do Diário Oficial da União, também oficializa recomendações para restringir a circulação de pessoas acima de 60 anos, além de orientar o “isolamento domiciliar” de quem tiver “sintomas respiratórios” e daqueles que moram com elas. O prazo estabelecido é de, no máximo, 14 dias.

A pasta também estendeu a pessoas que residam no mesmo endereço de alguém com sintomas de gripe a possibilidade de solicitar um atestado médico. O documento pode ser utilizado, por exemplo, para justificar a ausência no trabalho.De acordo com o Ministério da Saúde, a decisão leva em consideração “o comportamento do vírus” e permite a “adoção de medidas padronizadas” por Estados.

Vítimas

A sexta-feira foi marcada pelo maior número de mortes registradas em um mesmo dia. Foram quatro, todas em São Paulo, onde os óbitos já chegaram a nove. Os outros dois foram no Rio de Janeiro. As quatro novas vítimas são idoso que já tinham outras doenças quando contraíram o coronavírus. Três são homens (de 70, 80 e 93 anos) e a outra é uma mulher de 83 anos. O número de casos confirmados também saltou de 621 casos para 904. O índice de letalidade está em 1,2%. (Colaboraram Julia Lindner, Emilly Behnke e Priscilla Mengue)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Felipe Frazão e Marlla Sabino

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