Em meio à longa correção iniciada em julho e que se estendeu ao menos até o fim de outubro, o Ibovespa, muito descontado, obteve nesta sexta-feira o segundo ganho semanal consecutivo, algo não visto desde a segunda quinzena de maio, período em que, ainda em ascensão, emendou três semanas no positivo. Nesta sexta-feira, o índice de referência da B3 realizou ganhos acumulados nas últimas três sessões e fechou em baixa de 1,17%, aos 106.334,54 pontos, mas ainda avançando 1,44% na semana, após alta de 1,28% no período anterior.
Em novembro, a recuperação é de apenas 2,74% nesta primeira quinzena, com perdas no ano de 10,66%. Nesta sexta, o Ibovespa variou entre mínima de 105.842,20 e máxima de 107.914,62, saindo de abertura a 107.576,11 pontos. O giro financeiro ficou em R$ 31,8 bilhões na sessão, em que prevaleceu a cautela típica de véspera de feriados brasileiros com mercados abertos lá fora, como na próxima segunda-feira (Proclamação da República).
Uma série de resultados trimestrais divulgados na noite de quinta-feira, especialmente de empresas do setor de varejo, contribuiu para orientar os negócios nesta última sessão da semana, com Magazine Luiza (-18,32%) e Natura (-17,54%) na ponta negativa do Ibovespa, após os respectivos balanços. Na face oposta do Ibovespa, Americanas ON (+5,83%) e Lojas Americanas (+5,61%), ambas também movidas pelos números trimestrais, à frente de Carrefour Brasil (+3,15%) e BR Malls (+3,14%), outra empresa a ter anunciado resultados do terceiro trimestre na noite anterior.
“O balanço de Magazine Luiza provavelmente foi o pior do varejo, e era uma empresa que vinha entregando o que o mercado esperava. De forma geral, olhando também para juros e câmbio, o movimento de hoje no Ibovespa foi de realização de lucros, não de ‘risk off’. Como no Brasil três dias parecem longo prazo, há uma cautela para a segunda-feira, feriado aqui mas não lá fora. Assim, o investidor coloca dinheiro no bolso, após três dias de alta”, diz Flávio Aragão, sócio da 051 Capital.
“O lucro líquido ajustado de Magazine Luiza caiu quase 90% na comparação anual, no terceiro trimestre, com queda de vendas em lojas físicas e aumento de custos em cenário de maior inflação”, diz Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.
No macro, assim como as vendas do varejo em setembro, divulgadas na quinta-feira pelo IBGE, o desempenho da atividade de serviços no mesmo mês, anunciado nesta sexta, corrobora a percepção de que inflação e juros em alta, e mercado de trabalho em recuperação apenas gradual, com desemprego ainda elevado, mantêm a economia doméstica na defensiva, em meio a constantes revisões de expectativa de crescimento do PIB no ano que vem. O setor de serviços ainda operava em setembro 8,0% abaixo do ponto mais alto, registrado em novembro de 2014.
No mês, o recuo de 0,6% no volume de serviços prestados na passagem de agosto para setembro fez o setor interromper sequência de cinco meses de crescimento, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços, iniciada em 2011 pelo IBGE.
“Se o dado de serviços tivesse surpreendido positivamente, talvez o Ibovespa pudesse ter andado um pouco mais na semana. O mercado tirou um pouco o pé do fiscal, comprando a ideia de que a PEC dos Precatórios passará também pelo Senado, sem excessos de populismo, e isso se reflete na volatilidade implícita do índice (Bovespa), que caiu”, observa Aragão.
Por Luís Eduardo Leal
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