Em meio à indefinição sobre os rumos das políticas sociais do governo a 13 dias do fim do auxílio emergencial a vulneráveis, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta segunda-feira, 18, que não se pode “pensar só em teto de gastos e responsabilidade fiscal” em detrimento da população, que tem sofrido com a disparada de preços e os efeitos econômicos e sociais da pandemia de covid-19.
Um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro, Lira se soma a diversas vozes da arena política, no governo e no Congresso, que têm defendido medidas de apoio à população mais pobre. Nos últimos dias, tem crescido a pressão pela prorrogação do auxílio emergencial a vulneráveis, contrariando a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, que tenta barrar qualquer programa fora do teto de gastos – a regra que limita o avanço das despesas à variação da inflação.
“Todo aspecto social nos preocupa muito. Não podemos pensar só em teto de gastos, responsabilidade fiscal – e a Câmara tem feito isso, o Congresso tem feito isso – em detrimento de uma população que está muito machucada com o rebote da pandemia, com o processo inflacionário, que é mundial, com a questão da energia. Isso tem machucado muito a população que está abaixo da linha da pobreza”, disse Lira em entrevista à Revista Veja.
O Ministério da Economia tem defendido a aprovação de uma nova regra para o pagamento de precatórios (dívidas judiciais) para abrir espaço no teto de gastos à ampliação do Bolsa Família, que será rebatizado de Auxílio Brasil. Há ainda outro requisito colocado pela equipe econômica: a aprovação da reforma do Imposto de Renda, pois a taxação de lucros e dividendos seria a fonte de financiamento do aumento permanente de despesa.
Como nenhuma dessas propostas já foi completamente apreciada pelo Congresso, integrantes da ala política reforçaram a pressão por alguma prorrogação dos benefícios atuais – mesmo que isso signifique algum gasto fora do teto. A equipe de Guedes tenta resistir.
Na entrevista, Lira disse também que a Câmara se preocupa com as pautas sociais. “A Câmara sempre foi muito preocupada com as pautas sociais, tanto que essa pauta do gás, do preço, do monopólio e dos abusos da Petrobras é uma pauta que a Câmara vem encampando, vem discutindo”, afirmou o presidente da Câmara.
Por Anne Warth
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