A pandemia do coronavírus está no centro de uma enorme polêmica no futebol argentino. Por causa da doença, o River Plate decidiu suspender todas as suas atividades por tempo indeterminado, o que significa dizer que um dos maiores clubes do país se recusa a disputar a Copa da Superliga, segundo torneio mais importante da Argentina, que tem sua primeira rodada neste fim de semana. E pode ser punido por isso.
A estreia do River na competição está marcada para a tarde deste sábado, contra o Atlético Tucumán. Na noite de sexta, porém, o clube emitiu um comunicado em que anunciou a sua decisão de não disputar a Copa, alegando que a saúde de seus jogadores e das demais pessoas envolvidas na realização de um jogo de futebol estaria em risco.
“O River Plate decidiu que, atendendo a motivos de força maior, não vai se apresentar para o jogo do próximo sábado, 14 de março, contra o Atlético Tucumán. A mesma decisão vale para todas as divisões de base do clube”, diz um trecho da nota. Logo na sequência, vários jogadores do River espalharam o comunicado pelas redes sociais, deixando claro seu apoio à decisão dos dirigentes.
A atitude do River, porém, foi muito mal recebida pelos demais clubes do país e pela AFA (Associação de Futebol da Argentina) e a Superliga – as duas entidades que comandam em conjunto o futebol argentino. Marco Tinelli, vice-presidente da Superliga, afirmou que o atual vice-campeão da Copa Libertadores não vai escapar de uma punição por se recusar a jogar contra o Atlético Tucumán.
“A atitude adotada unilateralmente por um clube integrante da Superliga será passível de sanções. Os regulamentos regem as competições e todos devem se subordinar a eles, sobretudo se as autoridades nacionais não encontram razões científicas para restringir a disputa de partidas, desde que tomada a precaução de realizá-las com portões fechados e sem público”, disse o dirigente em uma nota oficial.
Ao não disputar o jogo marcado para este sábado, o River poderá perder os pontos da partida e mais três, além de receber uma multa. Evidentemente, as punições ficarão mais graves caso o clube não apareça para disputar outros confrontos da competição.
A Copa da Superliga começou na noite de sexta com duas partidas, e mais dez estão programadas para a primeira rodada, que terá jogos até segunda-feira, todos com portões fechados. Muitos jogadores têm dito que não desejam jogar futebol durante a pandemia do coronavírus e que estão sendo obrigados a isso pelos dirigentes. Diego Maradona, técnico do Gimnasia y Esgrima de La Plata (que na sexta estreou na Copa com um empate por 0 a 0 com o Banfield), também está descontente com o fato de o torneio não ter sido suspenso.
Notório inimigo do River Plate, grande rival de seu clube de coração, o Boca Juniors, Maradona surpreendeu ao deixar de lado por um momento a velha rivalidade e oferecer apoio público à decisão dos dirigentes da agremiação de não disputar a Copa.
“Estou com eles até a morte. Olha que eu não engulo as galinhas (apelido maldoso do River), mas se os jogadores tomaram essa decisão e eu estarei com eles até a morte”, disse em entrevista à ESPN argentina.
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