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Ibovespa fecha em alta de 2,03% e zera perda semanal

O principal índice da B3 fechou a sexta-feira em alta de 2% (Foto: Espaço B3/Divulgação)

Com atraso na semana ante as referências do exterior, o Ibovespa aproveitou a sexta-feira para um sprint, um pouco enfraquecido perto do fechamento, que ainda assim quase zerou as perdas na semana (-0,06%) e colocou o mês no positivo (+1,67%), em intervalo iniciado com tombo de 2,22% na segunda-feira, vindo de ganho de 1,73% na sexta, dia 1º. Nesta sexta-feira, 8, o índice da B3 encerrou em alta de 2,03%, aos 112.833,20 pontos, saindo de mínima na abertura a 110.586,44 pontos e chegando a mostrar ganho de 3,24% na máxima do dia, aos 114.171,97 pontos, no começo da tarde. O giro ficou em 38,6 bilhões nesta sexta-feira. No ano, o Ibovespa cai 5,20%.

Os principais dados do dia foram o IPCA de setembro, conforme esperado no maior nível para o mês (+1,16%) desde 1994, embora abaixo da mediana das expectativas, e o payroll dos Estados Unidos, com geração de vagas bem abaixo do esperado para setembro, mas leitura melhor do que se antecipava para a taxa de desemprego e a evolução do ganho salarial médio.

Enquanto, nos Estados Unidos, a leitura sobre o mercado de trabalho ficou meio que no empate – apesar de tirar um pouco da pressão quanto à urgência do ‘tapering’ e especialmente quanto a uma alta de juros antes do que se antecipa para os EUA -, resultando em sinais mistos (ao final negativos) para os índices de Nova York, aqui o IPCA menos pior do que se chegou a temer deu algum fôlego para a busca por descontos na B3.

“A inflação está concentrada em gastos de subsistência, com pressão de três grupos importantes: habitação, devido ao encarecimento da energia elétrica residencial; transporte, com a alta dos combustíveis, relevante, pelo câmbio e pelo avanço dos preços internacionais do petróleo; e alimentação em domicílio, em desaceleração ante agosto, mas em alta de 1,19%”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, destacando o efeito da inflação para a população mais pobre, com restrição orçamentária.

Se os dados sobre o custo de vida ainda permanecem sob escrutínio, com efeito sobre a curva de juros, o barateamento da Bolsa observado desde julho começa a ser visto com interesse maior pelos investidores, apesar das incertezas que prevalecem, no plano doméstico, sobre a situação fiscal e, no exterior, sobre o ritmo da inflação global, com efeito sobre a orientação das políticas monetárias nas maiores economias.

A aprovação na quinta-feira à noite pelo Senado americano de elevação temporária, até dezembro, no teto da dívida, deu ânimo aos mercados da Ásia, no dia em que as bolsas da China continental retomaram os negócios, após o feriado da Golden Week.

O impasse que prevalecia na política americana se fez sentir no início da semana, conturbado também pela queda de rede do WhatsApp, Instagram e Facebook. “Na segunda-feira, o S&P 500 tinha caído bastante (-1,30%) e começou a recuperar logo no dia seguinte (+1,05%), enquanto o Ibovespa perdeu 2,22% naquele mesmo dia e ficou de lado nos seguintes, até vir esta recuperação concentrada na sexta, com a busca por descontos: uma retomada em cima de ‘valuation’ mesmo. O que deixa algum otimismo para a semana que vem, com parte dela em liquidez reduzida pelo feriado no Brasil (terça)”, diz Rodrigo Knudsen, gestor da Vítreo.

“Surpreendeu a resiliência do Ibovespa hoje, mesmo com o S&P 500 embicando pra baixo e o yield de 10 anos voltando a subir, passada a reação inicial ao ‘payroll’ abaixo do esperado. Há muito tempo isso não acontecia: o mais comum tem sido recuperação mais rápida em Nova York, sem que o Ibovespa consiga acompanhar aqui. Desde setembro, tem havido uma retomada de fluxo estrangeiro, mas nem isso vinha dando força ao índice, devido ao excesso de pessimismo, especialmente do investidor doméstico. Agora, muitos fatores negativos, principalmente da política, parecem já estar no preço, e o interesse por compras começa a voltar”, acrescenta a fonte.

“Historicamente, quando o P/L no Ibovespa está na faixa de 6 a 8 vezes, o índice de ações começa a se recuperar – agora, está em torno de 7,5 a 8 vezes, contra um histórico na casa de 12 vezes. As empresas estão gerando lucro e os preços dos ativos, das ações, vêm se deteriorando, o que o mercado acaba vendo como oportunidade de compra”, observa Gabriel Lima Macedo, sócio e líder de renda variável da Blue3. “Foi muito importante o Ibovespa ter segurado os 110 mil pontos e se conseguir romper os 114 mil, a tendência pode virar de baixa para alta”, acrescenta.

“Hoje, o Ibovespa se descolou do zero a zero lá fora. O reajuste anunciado pela Petrobras para a gasolina e o gás de cozinha, a partir deste sábado, ajudou as ações da empresa a contribuir para a alta do índice, em dia muito forte para mineração e siderurgia. Varejo, shoppings e construção civil também performaram muito bem”, diz Romero Oliveira, head de renda variável da Valor Investimentos.

Petrobras ON e PN fecharam o dia, respectivamente, em alta de 2,02% e 1,82%, enquanto Vale ON avançou 0,62% e os ganhos no setor de siderurgia chegaram a 4,95% (Usiminas PNA) no encerramento da sessão. Na ponta do Ibovespa, Cielo (+14,29%), à frente de Ecorodovias (+8,82%), de Banco Inter (Unit +7,41%, PN +7,07%) e de Magazine Luiza (+6,70%). No lado oposto, Assai (-3,28%), Pão de Açúcar (-1,60%) e Klabin (-0,58%). Entre os grandes bancos, os ganhos chegaram a 2,11% (BB ON) nesta sexta-feira.

Por Luís Eduardo Leal

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