A Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou para baixo o PIB industrial para 2021, de 6,9%, estimado em julho, para 6,1%. A nova previsão foi puxada pela menor expectativa de crescimento da indústria de transformação, de 8,9% para 7,9%. O setor representa 54% da Indústria Total. A revisão para cima do crescimento da indústria da construção, que tem participação de 24% no setor, ainda mitigou a revisão para baixo do PIB do setor.
Os dados constam do Informe Conjuntural, divulgado nesta quinta-feira pela CNI. O documento prevê que o PIB brasileiro deve expandir 4,9%, o que indica uma estabilidade em relação às estimativas anteriores. A estabilidade é justificada pela falta de alteração das expectativas mais favoráveis do setor de serviços, com o bom desempenho de tecnologia da informação, logística e serviços técnico-profissionais, além da previsão de recuperação dos serviços prestados às famílias.
Segundo o levantamento, a inflação é o maior problema atual, visto como destaque entre os desafios imediatos da economia.
“São vários os fatores afetando a inflação: a desorganização das cadeias de suprimentos gera pressão sobre os preços de bens industriais; a crise hídrica eleva os custos com energia; a alta nos preços das commodities e a desvalorização da taxa de câmbio elevam os preços de alimentos e combustíveis; e a progressiva normalização do consumo de serviços pelas famílias eleva, aos poucos, os preços de serviços. Em suma, todos os componentes do IPCA estão contribuindo pela alta da inflação, que recentemente chegou a dois dígitos em 12 meses”, destaca a CNI.
A expectativa da entidade é que a inflação mantenha-se em nível elevado até o final do ano e supere o teto da meta (5,25%), com o IPCA fechando 2021 em 8,9%.
Para o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, no segundo semestre do ano, a indústria ainda deve ser impactada pela falta e encarecimento dos insumos e pela elevação do custo da energia elétrica. Além disso, destaca o economista, a elevação dos juros para conter a inflação afetará de forma negativa os custos financeiros das empresas do setor.
“O aumento acumulado de custos compromete a competitividade dos produtos brasileiros e prejudica, em especial, a indústria de transformação, que concorre com produtos importados no mercado doméstico e enfrenta concorrência de outros países em suas exportações”, afirma Azevedo em nota divulgada pela entidade.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, destaca, no entanto, que o avanço da vacinação no País e a gradual retomada da rotina dos brasileiros irão contribuir para o processo de recuperação econômica. Ele acrescenta a expectativa pelas reformas tributárias e administrativa como um fator positivo para o cenário.
“O Brasil realmente precisa das reformas tributária e administrativa e a manutenção do compromisso fiscal para seguir o caminho do crescimento consistente, capaz de aumentar o emprego e a renda das famílias. Além disso, à incerteza fiscal se adiciona a política, acirrada com a proximidade do ano eleitoral, o que prejudica a confiança dos agentes econômicos, dado que previsibilidade é essencial para o investimento”, explica Robson Andrade por meio de nota.
Por Thiago Conceição, especial para AE
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