O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira, 7, durante discurso em manifestação na avenida Paulista, que descumprirá decisões do ministro do Supremo Tribunal (STF) Federal Alexandre de Moraes, contra quem apresentou um pedido de impeachment já negado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). “Qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá”, disse Bolsonaro num dos momentos em que foi mais ovacionado em sua fala aos apoiadores que compareceram hoje à avenida Paulista.
Entre as decisões de Alexandre de Moraes que contrariam Bolsonaro, o ministro do Supremo incluiu o chefe do Executivo como investigado no inquérito das fake news, e determinou ontem a prisão de duas pessoas envolvidas na organização de atos contra instituições democráticas e que ameaçaram ministros da Corte.
Hoje, ao voltar a atacar o ministro durante o discurso na Paulista, Bolsonaro disse que o tempo de Alexandre de Moraes no STF acabou. “Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro”, afirmou o presidente em tom inflamado.
Na sequência, Bolsonaro defendeu que “todos os presos políticos sejam postos em liberdade. A paciência do nosso povo já se esgotou. Ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e cuidar de sua vida. Ele, para nós, não existe mais”, enfatizou o presidente, acrescentando que ou o ministro do Supremo “se enquadra” ou pede para sair.
Nesse momento, a plateia de apoiadores gritou em coro por alguns minutos: “Eu autorizo”. “Liberdade para os presos políticos, fim da censura, fim da perseguição a conservadores, àqueles que pensam no Brasil”, reforçou Bolsonaro.
O chefe do Executivo voltou a defender também o voto impresso neste feriado da Independência, desferindo ataques contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso.
“Nós acreditamos e queremos a democracia. A arma da democracia é o voto. Não podemos admitir um sistema eleitoral que não ofereça segurança por ocasião das eleições”, frisou Bolsonaro. “Não é uma pessoa do Tribunal Superior Eleitoral que vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável”, complementou.
Referindo-se ao sistema eletrônico de votação, Bolsonaro assinalou que não vai participar de uma “farsa” patrocinada por Barroso. “Nós queremos eleições limpas, democráticas, com voto auditável e contagem pública dos votos”.
Leia abaixo alguns trechos do discurso de Bolsonaro na manifestação realizada na avenida Paulista.
“Dizer a esse ministro referindo-se a Alexandre de Moraes que ele tem tempo anda para se redimir, tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos.
Sai Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha, deixa de oprimir o povo brasileiro.
Nós acreditamos e queremos a democracia, a arma da democracia é o voto. Não podemos admitir um sistema eleitoral que não ofereça segurança por ocasião das eleições.
Não é uma pessoa do Tribunal Superior Eleitoral que vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável (…)
Não podemos admitir, também, ministro do TSE usar a caneta para desmonetizar paginas que criticam esse sistema de votação.
Não podemos ter eleições em que pairem dúvidas sobre os eleitores. Nós queremos eleições limpas, democráticas, com voto auditável e contagem pública dos votos.
Não posso participar de uma farsa como essa patrocinada ainda pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
Hoje temos uma fotografia para mostrar ao Brasil e para o mundo, de vocês, que as cores da nossa bandeira são verde e amarela. (…)
Nós somos conservadores. Cada vez mais respeitamos as leis e a Constituição, e não vamos admitir pessoas que, como Alexandre de Moraes, continuem a açoitar a nossa democracia e desrespeitar a nossa Constituição. Ele teve todas as oportunidades para agir com respeito a todos nós, mas não agiu dessa maneira, como continua a não agir. Como agora há pouco interceptou um cidadão americano para ser inquirido sobre atos (pelo Estado e dirigir ao seu povo) nomeado para seu mandato.
Não quero o conforto dos palácios ou de benesses que existem no Brasil, em Brasília. Quero aquilo que seja justo, ao lado de vocês. Lá atrás, quando servi ao Exército brasileiro, jurei dar minha vida pela pátria. Tenho certeza que vocês todos também, de forma consciente, juraram dar sua vida pela sua liberdade.
Tenho o apoio de vocês, enquanto vocês estiverem ao meu lado, eu continuarei sendo o porta-voz de vocês. Esta missão é digna, esta missão é espinhosa, mas também é muito gratificante.
Não existe satisfação maior do que estar no meio de vocês. Pode ter certeza: onde vocês estiverem, eu estarei. Cumprimento patriotas que estão em todos os lugares desse nosso imenso Brasil hoje se manifestando pela sua liberdade. O povo acordou.
Isso não tem preço: o acordar de uma nação e a certeza de que seremos grandes lá na frente. Agora, o que incomoda alguns lá de Brasília é que nós realmente começamos a mudar o Brasil. Acreditem: com vocês, nós colocaremos o Brasil num lugar de destaque que ele bem merece. Temos uma pátria que ninguém tem (…) e vocês sabem o que nós estamos fazendo (….).
Cada vez mais a certeza do nosso futuro. O apoio de vocês é primordial, é indispensável para seguirmos adiante. Neste momento, quero, mais uma vez, agradecer a todos vocês, agradecer a Deus pela minha vida e pela missão.
E dizer àqueles que querem me tornar inelegível em Brasília: só Deus me tira de lá
Saio de lá preso, morto ou com vitória. Dizer aos canalhas que eu nunca serei preso. A minha vida pertence a Deus, mas a vitória é de todos nós. Muito obrigado a todos. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.”
Por Eduardo Laguna, Célia Froufe e Daniel Galvão
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