Os juros futuros fecharam a segunda-feira, 6, praticamente de lado, com viés de baixa nos principais vencimentos. O mercado até teve algum ritmo pela manhã, ditado pela repercussão do noticiário do fim de semana e pelo leilão de NTN-B antecipado para hoje, mas a tarde foi arrastada dado o compasso de espera pelo 7 de Setembro, que promete ser de intensas manifestações políticas contra e a favor do governo pelo País. Após operarem em alta pela manhã, as taxas inverteram o sinal passado o leilão do Tesouro, que teve boa demanda, e oscilaram em baixa até o fechamento. Sem a referência de Wall Street, porém, a liquidez foi fraquíssima, o que compromete também a legitimidade da queda das taxas.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou com taxa de 6,875%, de 6,866% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 passou de 8,676% para 8,635%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 9,836%, de 9,80% no último ajuste. A do DI para janeiro de 2027 caiu de 10,304% para 10,27%.
O operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos André Alírio afirma não ter havido hoje noticiário que pudesse justificar a virada das taxas entre o fim da manhã e o começo da tarde e atribuiu o movimento a uma tentativa de correção aos excessivos prêmios embutidos nos DIs. “Além disso, em dias de tão pouco giro, operações pontuais tendem a ter influência potencializada sobre a curva”, disse.
Outro gestor diz que não foi por acaso que as taxas zeraram a alta depois do leilão, antecipado para hoje em função do Dia da Independência. A oferta, de 750 mil títulos, foi menor do que a de 900 mil da semana passada, mas considerada até ousada para um dia encravado entre o fim de semana e o feriado e sem negócios em Nova York. Foram 300 mil para 2026, 150 mil para 2030 e 300 mil para 2055. “Na B55 ele ofertou 300 mil, não é gigante, mas não para dizer que é irrisório e saiu bem”, disse, lembrando que o lote foi absorvido integralmente à taxa de 4,90%. O consenso para este vencimento era entre 4,91% e 4,93%. “O mercado leu esse resultado como positivo e ajudou o pré”, afirmou.
Somados o volume, taxas, taxas de corte e a reação da curva ao leilão, a percepção é a de que o apetite pelos papéis atrelados à inflação segue forte, diante das perspectivas pessimistas para preços na esteira da crise hídrica e retomada do setor de serviços, e mesmo em meio à precificação de aperto monetário mais firme. No Boletim Focus desta segunda-feira, a mediana de IPCA para 2021 subiu a 7,58% e a de 2022, para 3,98%. O teto da meta para 2021 é 5,25% e o centro da meta para o ano que vem, 3,5%. A mediana para a Selic no fim de 2021 avançou a 7,63% e a de 2022, 7,75%.
Não só por não ser amparado em volume, o bom desempenho das taxas é considerado nas mesas de renda fixa como frágil também porque persistem os receios com o cenário fiscal e a crise política e institucional, ampliados às vésperas das manifestações de 7 de Setembro. No fim de semana, o presidente Jair Bolsonaro falou que cada um dos três Poderes precisa “enquadrar” aqueles que não respeitarem a Constituição, sob “risco de ruptura”.
Por Denise Abarca
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