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Choques de oferta que pressionam inflação nos EUA são temporários, diz Bernanke

Bernanke pontuou que os títulos negociados no mercado secundário apontam para inflação em 2,1%, próxima à meta do Fed (Foto: Karolina Grabowska/Pexels)

O ex-presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, defendeu, durante painel na Expert XP, que os choques de ofertas que pressionam a inflação nos Estados Unidos tendem a ser temporários. Segundo ele, a pressão na cadeia de produção pode ser um problema de duração mais longa do que se pensa, por conta da dificuldade de transporte marítimo, e eventualmente podem criar problemas para os preços. Mas, acrescentou, isso acontece quando as expectativas de inflação não estão ancoradas e há expectativa de aumento da inflação. De acordo com Bernanke, isso está ocorrendo em alguns setores.

“Mas de modo geral, as expectativas estão caminhando para uma direção a qual o Fed pode conte-la”, pontuou na noite desta quarta-feira, (25). Bernanke lembrou que os títulos negociados no mercado secundário que projetam inflação para cinco anos apontam para a inflação em 2,1%, muito próximo da meta do Fed. “Por isso, acredito que os choques de oferta serão temporários”, concluiu.

Já o presidente do Queens College e assessor econômico do grupo alemão Allianz, Mohamed El-Erian, um dos gurus de Wall Street, afirmou estar preocupado com a inflação nos Estados Unidos, que pode não se mostrar tão temporária como o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) tem avaliado. Um dos temores é a autoridade monetária estar atrasada em atacar a inflação, disse ele em debate na XP Expert.

El-Erian disse que espera a inflação mais perto de 3% nos EUA no ano que vem do que dos 2% perseguidos pela meta do Fed. Para o economista, a nova ferramenta de política monetária do banco central americano pode acabar fazendo o Fed responder de forma atrasada à pressão nos preços e este próprio fato ajudar a dificultar a formação das expectativas para a inflação.

O economista mostrou preocupação com os preços no atacado, com os rumos no mercado de trabalho e destacou a necessidade de se levar em conta que a inflação pode ser mais persistente e mais alta do que vimos no passado recente.

As cadeias de suprimentos têm sido redesenhadas, ressaltou o economista, destacando que os efeitos na inflação podem se mostrar mais duradouros. “Minha esperança é que o Fed se mostre certo, que esta inflação seja temporária e rapidamente reversível.”

Mohamed El-Erian ressaltou que queria ter a mesma visão do ex-presidente do Fed, Ben Bernanke, que vê a inflação perdendo fôlego pela frente, mas afirmou estar bem mais preocupado.

Por Altamiro Silva Junior e Cynthia Decloedt

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