O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu nesta sexta-feira, 13, que parte da atividade no setor de serviços – que representa dois terços da economia – começa a se recuperar. Ele voltou a dizer que há diversos choques no Brasil que fizeram a inflação de curto prazo subir.
“Tivemos problema hídrico que gerou uma reprecificação de toda a cadeia energética no Brasil e parece que vai ter mais algum aumento de preço na bandeira 2 de energia”, afirmou Campos Neto, em participação no 4º Encontro Folha Business, em Vitória (ES).
O presidente do BC admitiu que o movimento de subida da inflação de curto prazo teve “algum alastramento”. “Por isso entendemos que era necessário um movimento de ajuste para que essa inflação não contamine o ambiente inflacionário e desancore as expectativas. Nossa missão número 1 é manter os preços sob controle, atingindo a meta de inflação que nos é delegada”, enfatizou.
Crise hídrica
Campos Neto alertou também que a crise hídrica já impactou expectativas de inflação do mercado. “Quando temos bandeira vermelha 2 na conta de luz e em reprecificar as bandeiras, esse ajuste já foi feito. Para inflação, importa muito efeito em dezembro, que geralmente é um mês que chove muito e acaba baixando da bandeira”, afirmou.
Ele destacou ainda que o cenário do BC já embute a maior parte da crise hídrica. “Pode piorar, porque estamos sujeitos a fatores climáticos. Mas olhando hoje, entendo que isso já está bastante precificado”, completou.
Juros nos EUA
O presidente do Banco Central salientou que qualquer movimento abrupto de juros nos Estados Unidos gera reação em mercados emergentes, já que os juros americanos são um balizador de liquidez mundial. “Mas é importante entender o fator gerador do movimento nos EUA. Se a alta de juros é porque o crescimento está muito forte e precisa de um novo equilíbrio macroeconômico, o impacto para emergentes é um. Mas se existe a percepção de que o BC americano está atrasado na política monetária e terá que subir mais os juros, esse processo pode gerar uma disfunção maior para os emergentes”, afirmou.
Campos Neto considerou, no entanto, que apesar da maior inflação dos EUA, existe credibilidade suficiente e uma interpretação dos agentes de que o BC americano irá agir a tempo se for necessário.
Por Eduardo Rodrigues e Fabrício de Castro
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