Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com – O balanço do segundo trimestre do Itaú (SA:ITUB4), divulgado após o fechamento de segunda-feira (2), foi interpretado de maneira positiva pelo mercado, ainda que tenha ficado, no geral, em linha com o esperado pelos analistas.
Depois dos resultados, o banco recebeu recomendações Neutra do Banco Inter (SA:BIDI4) e da XP Investimentos e de Compra da Genial Investimentos e da Ativa Investimentos, com preço-alvo médio de R$ 35,65.
O Itaú registrou lucro líquido recorrente de R$ 6,543 bilhões, alta de 55,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. O número ficou quase em linha com a estimativa compilada pela Refinitiv, de R$ 6,424 bilhões. A margem financeira, por sua vez, ficou em R$ 18,8 bilhões, alta anual de 6%.
“Embora o lucro tenha vindo em linha com o que esperávamos, observamos uma melhora na qualidade geral dos resultados, com a inadimplência abaixo do esperado apoiando o melhor desempenho”, escreveu a XP, reforçando sua análise positiva.
O grande motor por trás do crescimento do lucro, segundo o Inter, é o bom momento de crédito, principalmente para pessoas físicas, que teve crescimento trimestral de 7,1%. As linhas com maior força foram as de crédito imobiliário, veículos, consignado e cartões, que se beneficiam da queda nas taxas de juros, da recuperação da atividade econômica e do aumento regulatório de margem consignável.
Um dos destaques do trimestre foram as perdas com inadimplência, que não cresceram como era previsto. As provisões para empréstimos caíram 39,6% em relação ao 2T20, para R$ 4,7 bilhões, pois a recuperação da economia permite que clientes tenham maior facilidade para pagar dívidas.
O índice de inadimplência, por sua vez, permaneceu praticamente estável, assim como a carteira de crédito, que teve seu crescimento limitado pela queda das carteiras de crédito e empréstimos corporativos no exterior.
A receita de tarifas, por sua vez, cresceu 14,4% na comparação anual, impulsionada por cartões de crédito e débito, gestão de ativos e crescimento do mercado de capitais.
A XP chama atenção também para o avanço das iniciativas de digitalização do Itaú, que podem ajudar a companhia a seguir adquirindo novos clientes no futuro.
Depois dos resultados, o banco melhorou suas previsões para o ano, devido principalmente à aposta na recuperação econômica. A estimativa de crescimento da carteira de crédito foi elevada para até 11,5%, ante até 9,5%, em 2021. A previsão para perdas com empréstimos, por sua vez, foi reduzida de até R$ 24,3 bilhões para até R$ 22 bilhões.
“Entendemos que o banco retirou um pouco do seu conservadorismo nas projeções e ajustou o guidance para acompanhar a evolução do crescimento do crédito no mercado, bem como a maior qualidade de crédito que o mercado tem apresentado, vide os índices de inadimplência absolutamente em níveis baixos e controlados”, comenta o Inter.
A Genial mantém visão positiva para a performance da empresa nos próximos trimestres: “Essa evolução nas receitas com clientes, junto a uma melhora no guidance, mostra que o Itaú pode estar finalmente passando por um ponto de inflexão.”
Apesar dos resultados sólidos, a XP mantém uma visão um tanto cautelosa para o banco, principalmente devido à forte concorrência e ao momento de disrupção do setor.
A Ativa também alerta para desafios à frente, como uma piora na inadimplência, mas considera que “os índices de cobertura do banco ainda se encontram em patamares elevados em relação è média histórica, o que deve, por hora, garantir que o banco não realize provisões adicionais”.
Matéria originalmente publicada em Investing.com