A aversão ao risco trazida pelas preocupações com o cenário fiscal continuou como principal fator de tensão no mercado de juros à tarde, quando as taxas acentuaram a alta e renovaram máximas em meio a ajustes antes do fim de semana e fatores técnicos relacionados ao encerramento do mês.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 6,320% (6,219% ontem no ajuste) e a do DI para janeiro de 2023, em 7,810% (7,57% ontem). A do DI para janeiro de 2025 subiu de 8,365% para 8,70% e a do DI para janeiro de 2027, de 8,723% para 9,04%.
A volta da discussão sobre o teto de gastos, exacerbada por declarações do ministro Paulo Guedes sobre o Bolsa Família no fim da manhã, levou os vencimentos longos a fecharem com alta de mais de 30 pontos-base, com ajuda do clima externo pesado.
O estresse começou logo na abertura com a informação trazida pelo Estadão/Broadcast de que a ala política do governo está propondo uma alteração na regra do teto para acomodar aumento de gastos com o programa ou então uso de recursos fora do limite. Uma elevação de até R$ 300 caberia na folga estimada pela área econômica – entre R$ 25 bilhões e R$ 30 bilhões para 2022 -, mas o problema é que há quem avalie que esse benefício precisa ser maior para evitar sensação de perda na população. Além disso, alguns fatores de risco podem reduzir o espaço, como a crise hídrica e a possibilidade de novos reajustes de energia, batendo na inflação que corrige benefícios pagos pelo governo.
Nem mesmo o reforço nas expectativas de que o ciclo de aperto monetário seja mais duro, com as principais instituições do mercado financeiro tendo hoje revisado para cima seus números, evitou o ganho de inclinação da curva em relação a ontem e também à última sexta-feira. Ante o fim de junho, contudo, houve ligeira desinclinação.
O diferencial entre as taxas para janeiro de 2022 e janeiro de 2027 ficou em 272 pontos, de 252 pontos ontem e 268 pontos na sexta passada. Um mês atrás, esse spread era maior, de 281 pontos, tendo sido pressionado para baixo nas últimas semanas pelas revisões para cima de inflação e Selic que adicionaram bastante prêmio à ponta curta.
Por Denise Abarca
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