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Apesar de exterior e Caged, Ibovespa cai de olho em China, balanços e político

Ibovespa engatou uma sucessão de mínimas, em meio ao desconforto de investidores com ruídos políticos (Foto: Espaço B3/Divulgação)

O apetite ao risco global permitiu ao Ibovespa uma abertura em alta, mas por pouco tempo. O índice Bovespa sucumbe à queda nesta quinta-feira, (29), já devolvendo parte da alta de 1,34% na véspera, quando havia fechado aos 126.285,59 pontos.

Por volta das 11h, o Ibovespa engatou uma sucessão de mínimas, em meio ao desconforto de investidores com ruídos políticos e com a persistência inflacionária no Brasil, ignorando a alta externa. Os papéis de estatais cediam. Petrobras caía 0,85% (ON) e 0,32% (PN), apesar da valorização do petróleo no exterior. Além disso, destaque para os papéis do setor de consumo, que ocupavam a lista das oito maiores perdas do Ibovespa. Pão de Açúcar e Gol cediam 5,31% e 1,87%, respectivamente, perto de 11h. Vale ON perdia 1,06%, ajudando a empurrar o índice para baixo.

Após o STF divulgar vídeo para afirmar que não limitou o governo na pandemia, o presidente Jair Bolsonaro rebateu a Corte. Disse que o Supremo cometeu crime ao dizer que prefeitos e governadores podem suprimir direitos. “O noticiário político e tudo o que acontece em Brasília de uma maneira um pouco mais crítica tem pesado no risco Brasil”, avalia o estrategista-chefe da Davos Investimentos, Mauro Morelli. Ele acrescenta ainda preocupações com a inflação. “Não é sem motivo. A inflação tem dado sinal de resistência maior e começou a passar para 2022”, diz.

Já na Europa e nos EUA, as bolsas sobem ainda refletindo o tom pacífico do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, indicando que ainda não é o momento para subir juros e que continuará com a política de estímulos. No entanto, dados mais fracos de atividade informados nesta manhã nos EUA reduziram um pouco o ânimos dos investidores, como o PIB, o que, em tese, tende a reforçar a continuidade dos estímulos americanos.

“Os mercados globais amanhecem um pouco mais positivos depois do tom mais ‘dovish’ do Fed”, diz Jennie Li, estrategista de ações da XP, ao comentar, em nota, a manutenção dos juros e a política de compra de ativos, conforme o esperado. “A principal mensagem foi que a economia continuou progredindo em relação às metas, mas provavelmente aguardará até setembro para anunciar o cronograma e o tamanho do processo de ‘tapering'”, descreve. A XP acredita que este processo pelo Fed começará em dezembro de 2021 e que a primeira alta de juros ocorrerá apenas no terceiro trimestre de 2023.

De acordo com a MCM Consultores, a mensagem “dovish” do Fed, o acordo bipartidários nos EUA em torno do pacote de infraestrutura do governo Biden, a elevada confiança na economia na zona do euro e o aumento da oferta de liquidez pelo banco central chinês impactam positivamente nos mercados de ativos de risco.

O tom positivo externo ainda é ajudado ainda por noticias da China, após o governo do país asiático procurar acalmar o mercado por meio de uma reunião com representantes de grandes bancos, depois da ofensiva regulatória de Pequim. No entanto, a mesma China informou que aumentará as tarifas de exportação de alguns produtos siderúrgicos, enquanto elimina as reduções de impostos para as exportações de aço, mais um passo para domar os crescentes preços das commodities.

Além disso, o recuo de 3,27% no preço do minério de ferro, no porto chinês de Qingdao, ajuda a empurrar as ações da Vale para o negativo, assim como o lucro dentro do esperado da companhia. A mineradora manteve otimismo em relação a pagamento de dividendos e informou lucro líquido de US$ 7,586 bilhões no segundo trimestre deste ano, aumento de 662% em relação ao mesmo período de 2020.

Investidores digerem as palavras dos executivos da mineradora, que participam de teleconferência com analistas, para explicar o balanço do segundo trimestre, falar das perspectivas da empresa. É importante destacar que, em meio a pressões inflacionárias, a companhia afirmou que vem sentindo os efeitos dos preços mais altos.

Para completar, o desempenho da Gol no segundo trimestre desagrada, ao elevar seu prejuízo. As ações da companhia cediam em torno de 2%, à medida que pode reforçar a cautela de setores ligados ao consumo no momento de inflação elevada e dúvidas a respeito da variante delta de covid-19 e ante a própria pandemia de coronavírus. Nem mesmo o Caged de junho anima. O saldo líquido de emprego formal ficou positivo em 309.114 vagas em junho, ante mediana que apontava para a criação de 267.600 postos de trabalho.

O lucro da Ambev, por sua vez, subiu 130,4% no período na comparação anual, enquanto a Gol ampliou prejuízo líquido recorrente no segundo trimestre, para R$ 1,205 bilhão, ante resultado negativo de R$ 771,8 milhões em igual intervalo de 2020. As ações da companhia de bebida, contudo, cediam 3,02% às 11h17. O Ibovespa tinha queda de 0,64%, aos 125.473,30 pontos.

Por Maria Regina Silva

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