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Dólar sobe 2,64% e fecha acima de R$ 5,25 com aversão externa ao risco

Nesta segunda-feira, o dólar fechou em alta de 2,64% (Foto: Karen Bleier / AFP)

O real liderou as perdas entre dividas emergentes no pregão desta segunda-feira, 19, em dia de marcado por forte liquidação de ativos de risco e queda acentuada das commodities, diante de temores de que o avanço da variante Delta do coronavírus mine a recuperação da economia global.

Com mínima de R$ 5,1532 máxima de R$ 5,2576, o dólar à vista fechou em alta de 2,64%, a R$ 5,2506. Foi o maior avanço porcentual no fechamento desde 18 de setembro de 2020. Entre as principais divisas emergentes, o a moeda americana subia cerca de 1% na comparação com o peso mexicano e por volta de 0,70% ante o rand sul-africano, considerados pares do real.

O real chegou a ter melhor performance entre seus pares em período recente, gerando desmontagem de posições defensivas, que agora podem estar sendo recompostas. Além disso, permanece ainda certo desconforto com o ambiente político doméstico, o que torna posições na moeda brasileira muito desconfortáveis neste momento, a despeito da perspectiva de novas elevações da taxa Selic.

O mau humor lá fora se agravou ao longo da tarde na esteira do alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que a variante Delta já circula em mais de 111 países. Neste cenário, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, manteve a suspensão de todas as restrições à modalidade, mas admitiu que poderá haver uma reversão das medidas em caso de piora.

O dia também foi marcado por tombo histórico dos preços do petróleo, após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) chegar a um acordo para aumentar a produção de em 400 mil barris por dia a cada mês, a partir de agosto. Não por acaso, o petróleo liderou a queda entre as commodities, com recuo de mais de 7%.

O economista da Órama Investimentos, Alexandre Espírito Santo, destaca que a grande preocupação é com uma eventual “recaída” da economia global por causa da variante Delta. “Podemos ter um cenário de menor crescimento no ano que vem com a inflação nos Estados Unidos em patamar já elevado, o que vai obrigar o Fed (Federal Reserve) a agir”, afirma, ressaltando que a questão é saber como o Fed vai manobrar a política monetária para segurar a inflação sem provocar deterioração aguda e rápida nos preços dos ativos. “E isso provoca muito estresse nos mercados, como estamos vendo hoje.”

Para Espírito Santo, a perspectiva de retirada nos estímulos nos Estados Unidos, aliada à proximidade do calendário eleitoral no Brasil, não autoriza uma rodada forte de apreciação do real. “Acho difícil ver esse dólar rodar a R$ 4,60 ou R$ 4,70, como alguns previam. Eu acho que a tendência é a taxa de câmbio trabalhar mais perto de R$ 5,30”, diz.

Por aqui, a despeito do recesso parlamentar, o ambiente político segue conturbado, o que coloca em xeque o andamento das reformas. O imbróglio da vez é o debate sobre eventual veto do presidente Jair Bolsonaro, que teve alta hospitalar, ao fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões (incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias) – o que pode desagradar o Centrão e corroer a base parlamentar do governo, já fragilizado pelas investigações da CPI da Covid.

Para o especialista em câmbio da Valor Investimentos, Rafael Ramos, o dólar deve seguir rodando entre R$ 5,15 e R$ 5,25 no curto prazo. “Mas com a perspectiva de redução de estímulos pelo Fed e o debate em torno das eleições presidenciais cada vez mais fortes, pode ir para cima de R$ 5,40 no ano que vem”, afirma Ramos.

Por Antonio Perez

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