O dólar fechou a primeira semana de maio acumulando queda de 3,7%. É a maior baixa semanal desde o final de novembro de 2020. O real foi a moeda de emergente com melhor desempenho mundial ante a divisa americana nos últimos cinco dias. No ano, a alta do dólar, que chegou a 12% em março, quase foi zerada, ficando em 0,77% até esta sexta-feira, 7.
A perspectiva de mais altas de juros pelo Banco Central, que deixa o País mais atrativo para investidores estrangeiros pois reduz o diferencial das taxas com outros emergentes, e exportações recordes do Brasil, em meio a disparada dos preços das commodities, estão entre os fatores que vêm contribuindo para o melhor desempenho da moeda brasileira que seus pares. O cenário externo também está ajudando. Nesta sexta-feira, a decepção com o fraco relatório de emprego dos Estados Unidos, com criação de vagas bem abaixo do previsto em abril, ajudou a enfraquecer ainda mais o dólar no mercado internacional, com a visão de que o Federal Reserve não vai precisar subir os juros antes de 2023.
“O real vinha de um nível muito depreciado. Tinha muito prêmio de risco embutido”, afirma o sócio e gestor da Galapagos Capital, Sérgio Zanini. A pressão para a melhora da moeda brasileira por conta da alta dos preços de commodities como soja e minério de ferro vinha sendo abafada pelo risco fiscal e ruídos políticos em Brasília, avalia ele. Por isso, a divisa brasileira estava muito descolada de outros emergentes. “Há dois motores por trás desta apreciação do real, a alta dos preços das commodities e o Banco Central removendo o excesso do diferencial de juros.”
Mesmo com a queda recente, o real ainda está barato e Zanini vê fôlego para mais baixas do dólar, com a moeda americana podendo recuar para perto de R$ 5,00 ou mesmo um pouco abaixo ainda este ano. Os fatores que estão por trás deste movimento, que são a tendência de alta dos juros no Brasil pelo Banco Central e a alta das commodities, que deve prosseguir com a retomada da economia mundial, deve seguir contribuindo para o real continuar na trajetória de melhora.
A economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, também vê chance de o dólar cair um pouco mais no Brasil, mas não abaixo de R$ 5,00. Para isso, será preciso avançar com o ajuste fiscal. Ela destaca que a melhoria do câmbio começou com a resolução da novela do orçamento de 2021, em meados de abril, ainda que não tenha sido o ideal, mas foi sancionado com vetos e mantendo o teto.
Em seguida, a economista destaca que indicadores da atividade mostrando economia melhor que o esperado na segunda onda da pandemia e balança comercial forte, por conta do aumento das exportações, ajudaram. Em abril, por exemplo, as exportações foram recordes para todos os meses da série histórica. No curto prazo, mantendo o cenário externo mais favorável, estes fatores devem seguir ajudando o real a ganhar força, avalia Damico.
Nesta sexta-feira, o dólar à vista fechou em queda de 0,93%, a R$ 5,2286, a menor cotação desde 14 de janeiro. No mercado futuro, o dólar para junho era negociado em baixa de 1,10%, em R$ 5,2370.
Por Altamiro Silva Junior
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