A construtora MRV registrou volume de R$ 1,71 bilhão em lançamentos no primeiro trimestre deste ano, alta de 58% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a prévia operacional divulgada há pouco. Segundo a companhia, o indicador representa o melhor desempenho para os primeiros meses do ano de sua história.
Por outro lado, o grupo apresentou redução de 3,2% nas vendas líquidas na comparação anual, atingindo R$ 1,61 bilhão. Ainda assim, a empresa aponta que este foi o segundo melhor resultado para o período na série histórica.
“O ano começa forte, com bons números de lançamentos, apesar de ser uma época atípica. Tudo indica que estamos caminhando para um recorde”, afirma Eduardo Fischer, CEO da MRV, ao Broadcast. “Vemos os novos segmentos da MRV ganhando cada vez mais representatividade, além do crescimento das diferentes linhas de negócio (Luggo, Urba e AHS) começando a ganhar peso”.
Entre os destaques, a MRV aponta que teve avanço expressivo na operação da AHS, subsidiária da construtora nos Estados Unidos, que alcançou R$ 1,65 bilhão em valor geral de vendas (VGV) de propriedades para investimento (PPI) em locação, aumento de 33,2% frente ao primeiro trimestre de 2020.
“Estamos nos Estados Unidos com um produto altamente competitivo, ao mesmo tempo em que há um problema de moradia nas grandes cidades, com uma demanda muito grande. Estamos ganhando força na operação da Flórida, e já partindo para a expansão no Texas e na Geórgia. São três estados com uma demanda enorme por residências”, diz o executivo.
A venda sobre oferta (VSO) foi de 17,2% no período, com crescimento de 0,7 ponto porcentual em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. A MRV repassou 10.552 unidades no trimestre, com avanço anual de 56,3%. Também apresentou crescimento de 15% no land bank (banco de terrenos), atingindo R$ 66,3 bilhões. Os distratos da MRV Incorporação somaram R$ 164 milhões no trimestre, avanço de 35,5% na comparação anual.
A companhia registrou queima de caixa de R$ 359,8 milhões, ante uma queima de R$ 328,3 milhões no mesmo período de 2020. Segundo a MRV, por causa do cenário de inflação de materiais na construção civil, a companhia optou por antecipar a compra e estocar parte da matéria prima necessária para a construção de suas obras, de modo a garantir o preço e evitar interrupções no fornecimento.
Isso acarretou um consumo adicional de caixa que impactou na geração do trimestre, além do pior desempenho dos repasses nos primeiros meses do ano, em especial no mês de janeiro. A construtora diz que os repasses já se normalizaram no mês de março.
“Com o mercado imobiliário aquecido, começaram a haver rupturas na construção, e isso começou a gerar falta de produto e aumento de preços para patamares muito altos. Por isso, aumentamos o nosso nível de estoque, que queima caixa inicialmente, mas para tentar nos proteger de novos aumentos. Os preços estabilizaram agora, mas ainda em patamares mais altos que no passado”, apontou Fischer.
Apesar do cenário de alta nas taxas de juros em 2021, o CEO da MRV vê com otimismo o desenvolvimento do mercado imobiliário. “Mesmo com o aumento dos juros, o cenário ainda está muito melhor do que o Brasil viveu ao longo de quarenta anos. A situação macro sempre preocupa, mas independente disso, o mercado está muito forte, e eu não vejo alterações. Se o Brasil for fazendo as lições de casa dele e a gente conseguir ter uma taxa básica de juros equilibrada, o mercado imobiliário explode.”
Por Luísa Laval
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