A Marfrig e a BRF anunciaram nesta quinta-feira, 15, a assinatura de um protocolo que prevê a fusão das duas companhias de alimentos. A nova empresa será uma gigante global do setor de alimentos e passará a se chamar MBRF Global Foods Company. Pelo modelo de negócio da transação, a BRF, que é dona das marcas Sadia e Perdigão, passará a ser uma subsidiária integral da Marfrig, que é uma das maiores produtoras de carne bovina do País. A Marfrig já era a maior sócia da BRF, com 50,49% do seu capital.
Juntas, as duas companhias formam um grupo com receita líquida consolidada de R$ 152 bilhões nos últimos 12 meses.
Ao comentar a operação, o fundador e presidente do conselho de administração da Marfrig, Marcos Molina, disse que a decisão de incorporar a BRF ocorre no momento certo para destravar sinergias entre as duas companhias.
A gente nunca falou que era necessário. Sempre dizia que isso seria algo natural, um dia, disse Molina, referindo-se ao fato de que o foco inicial da aproximação entre as duas companhias era manter suas operações separadas. As duas empresas estavam focadas na parte operacional, e isso continua sendo prioridade, disse.
A proposta, formalizada por meio do Protocolo e Justificação de Incorporação das Ações de Emissão da BRF pela Marfrig Global Foods, prevê que os acionistas da BRF (exceto a própria Marfrig) receberão 0,8521 ação ordinária da Marfrig para cada 1 ação da BRF.
O valor da relação de troca foi negociado por comitês independentes, assessorados por instituições como o Citigroup, e levou em conta critérios técnicos, como múltiplos, valor justo e sinergias esperadas.
Chegamos agora num momento em que é preciso entrar no que a gente chama de parte fina, que exige simplificar a estrutura e ter uma empresa só, multiproteína, explicou Molina, ressaltando que, com essa união, será possível capturar aproximadamente R$ 800 milhões em sinergias.
Se demorar mais, as duas empresas vão continuar perdendo essas sinergias, ressaltou o empresário.
Modelo operacional
Pelos termos divulgados ontem, a operação – apresentada como estratégica – tem por objetivo criar uma plataforma multiproteína com presença relevante tanto no mercado doméstico quanto internacional. A expectativa é de ganhos expressivos de escala, eficiência e diversificação. Segundo os dados divulgados ontem, as companhias estimam sinergias da ordem de R$ 485 milhões por ano com aumento de receitas e redução de custos; R$ 320 milhões por ano em despesas operacionais; e R$ 3 bilhões em ganhos fiscais.
Além de otimizar estruturas administrativas e ampliar a capacidade de investimentos, a fusão das duas companhias também deve fortalecer a atuação das marcas em mercados tanto no Brasil quanto em países do Oriente Médio (Halal), nos Estados Unidos e na China, ampliando os seus canais de distribuição. Do faturamento total da nova companhia, a estimativa é que 43% tenham origem no mercado americano.
Os conselhos de administração das duas empresas aprovaram ontem a operação e convocaram para o dia 19 assembleias extraordinárias de acionistas, nas quais a proposta será votada.
Custos
Os custos estimados da operação são de R$ 24 milhões, incluindo assessorias jurídicas, financeiras, auditorias e publicações. Não haverá emissão de ações correspondentes às ações da BRF mantidas em tesouraria, que serão canceladas antes da data de fechamento.
A proposta também abre espaço para o exercício do direito de retirada por chamados acionistas dissidentes – aqueles que não votarem a favor da incorporação e mantiverem suas ações desde a data de divulgação do fato relevante.
Os acionistas da BRF poderão optar por um reembolso de R$ 9,43 por ação (com base no patrimônio líquido) ou R$ 19,89 por ação (segundo laudo previsto no artigo 264 da Lei das S.A.). No caso da Marfrig, o valor é de R$ 3,32 por ação.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Leandro Silveira
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