A Oi, em recuperação judicial, teve prejuízo líquido de R$ 2,9 bilhões no quarto trimestre de 2024. A perda foi seis vezes maior do que no mesmo intervalo de 2023, quando o prejuízo foi de R$ 486 milhões.
A piora no resultado líquido foi uma combinação de elevação da dívida em dólar por causa da depreciação do real e queda no faturamento e despesas não recorrentes com provisões.
O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ficou negativo em R$ 641 milhões, uma piora significativa em relação ao mesmo período do ano anterior, quando ficou negativo em R$ 72 milhões.
A receita líquida também sofreu uma retração, totalizando R$ 1,9 bilhão no quarto trimestre de 2024, o que representa um recuo de 17,5% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O que mais afetou o balanço da Oi foi resultado financeiro (saldo entre receitas e despesas financeiras). Esse indicador ficou negativo em R$ 2 bilhões, o dobro do mesmo período do ano anterior. Isso se deu, principalmente, pelo efeito negativo da depreciação cambial e seu peso nas dívidas em dólar. O resultado cambial gerou uma perda de R$ 2,7 bilhões de natureza contábil (sem efeito imediato no caixa).
Esse efeito foi parcialmente compensando pelo ganho com o recálculo, via ajuste a valor presente, do passivo da Oi junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Esse ajuste ocorreu em razão da conversão em renda dos depósitos judiciais associados à contribuição destinada ao Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust).
Na parte operacional, o balanço da Oi foi afetado pelo encolhimento da receita com a Oi Fibra – seu braço de banda larga, cuja venda foi concretizada neste ano – e com a Oi Soluções – seu braço de tecnologia e conectividade para empresas, último grande negócio remanescente após a venda de ativos na recuperação judicial.
A receita da Oi Fibra no período foi de R$ 1,1 bilhão, baixa de 1,4%. Já a Oi Soluções teve receita de R$ 409 milhões no trimestre, queda de 24,3%. Segundo a companhia, houve diminuição da base de clientes empresariais e redução no consumo da base ativa, em função da menor demanda por serviços prestados via redes de cobre. Além disso, a receita com serviços legados (tecnologias antigas, como telefonia fixa) diminuiu 66%, para R$ 98 milhões.
A Oi ainda registrou despesas não recorrentes de R$ 509 milhões no trimestre. Segundo a operadora, isso aconteceu devido a provisão de contingência trabalhista da subsidiária Serede após reavaliação jurídica e adoção de uma postura mais conservadora.
Os custos e despesas totais somaram R$ 2 bilhões, corte de 15,7% na comparação, com o enxugamento das operações e adoção de medidas para ganho de eficiência.
A Oi teve um consumo de caixa de 237 milhões no quarto trimestre. A companhia encerrou o ano com R$ 1,8 bilhão em caixa. Sua dívida bruta, a valor justo, foi a R$ 12 bilhões no quarto trimestre, redução anual de 53,1%, explicada principalmente pela reestruturação da dívida.
Acumulado do ano
A Oi apresentou lucro líquido de R$ 9,6 bilhões em 2024, revertendo o prejuízo de R$ 5,4 bilhões de 2023.
Esse lucro foi resultado da aprovação do plano de recuperação, em abril, quando a empresa conseguiu convencer credores a abater sua dívida em cerca de 70% via descontos, parcelamento e conversão de valores em ações. Na ocasião, isso gerou um ganho R$ 14,7 bilhões de ordem contábil (sem efeito no caixa) da empresa.
Ainda assim, o Ebitda ficou negativo em R$ 1,5 bilhão em 2024 ante dado positivo de R$ 568 milhões em 2023. A receita líquida chegou a R$ 8,3 bilhões em 2024, queda de 14,2% ante 2023.
Por Circe Bonatelli
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