Sem o direcionamento dos mercados financeiros dos Estados Unidos, que permaneceram fechados em função de um feriado, as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) mantiveram o comportamento recente, oscilando ao redor da estabilidade entre os contratos de curto prazo e apresentando ligeira alta nos vértices médio e longo.
Os contratos de vencimento mais próximo seguem refletindo a expectativa de um forte movimento de alta da Selic até o final do ano, enquanto os mais distantes embutem o receio dos investidores em relação à trajetória das contas públicas nos próximos anos e o efeito disso sobre os juros.
Na sexta-feira, o Planalto entregou o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) referente a 2025 ao Congresso, e hoje detalhou a proposta numa entrevista coletiva, mas não conseguiu diminuir a preocupação dos investidores com o equilíbrio fiscal.
O receio envolve a visão de que o PLOA esteja subestimando os custos, na avaliação de Beto Saadia, economista e sócio da Nomos. “O corte de gastos precisa ser mais volumoso porque já há uma previsão de receita menor em 2025, do que em 2024, devido à alta taxa de juros”, comenta.
O secretário de Orçamento Federal, Clayton Montes, reiterou que a meta de resultado primário de déficit zero prevista no PLOA poderá ser cumprida com uma folga de R$ 3,7 bilhões (0,03% do PIB). O valor desconsidera o pagamento de precatórios, que retira R$ 44,1 bilhões da meta.
Especialistas ouvidos pelo Broadcast, no entanto, apontam que o plano do governo é dependente demais de receita extraordinária e que exige grande coordenação política, principalmente junto ao Congresso.
São R$ 46,747 bilhões em receitas condicionadas à boa vontade dos deputados e senadores, divididos em três frentes: a majoração da alíquota do imposto de renda de pessoa física sobre o JCP (R$ 6,008 bilhões), o aumento das alíquotas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) (R$ 14,939 bilhões) e a compensação da desoneração da folha (R$ 25,8 bilhões).
Além disso, o PLOA 2025 prevê que será aceito o formato proposto pelo governo para custear o programa Auxílio Gás. Nos novos termos, haverá gastos com o programa fora do Orçamento público – e, portanto, fora do limite de despesas do arcabouço fiscal.
Um sinal do tamanho da incerteza do mercado é a diferença das expectativas sobre os juros na curva de DIs, nas opções do Copom e no Boletim Focus. Na primeira, há uma expectativa de alta de 40 pontos-base na Selic em setembro (60% de chance de a taxa subir a 11,00%). Nas opções, o cenário mais provável (43%) é de um aumento de 25 pontos-base, e no Focus a expectativa é de manutenção.
A taxa do contrato de DI para janeiro de 2026 subiu a 11,985%, de 11,851% no ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 aumentou a 11,980%, de 11,927%, e a taxa para janeiro de 2029 avançou a 12,150%, de 12,089%. A taxa para janeiro de 2025 fechou perto da estabilidade a 10,985%, de 10,999%.
Por Caroline Aragaki e Gustavo Nicoletta
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