As taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) tiveram mais um dia de avanços, impulsionadas inicialmente por declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterando preocupações com as expectativas do mercado para a inflação, e recebendo um impulso extra do anúncio de Gabriel Galípolo como o indicado do governo para assumir o comando da instituição a partir do ano que vem.
Os investidores já esperavam há semanas a indicação do diretor de Política Monetária do Banco Central como sucessor de Campos Neto, e especialistas apontaram que a confirmação deste cenário remove um elemento de incerteza e favorece uma transição suave na presidência da instituição. As taxas de juros, porém, refletiram menos este alívio e mais outros fatores relacionados a como será a condução futura da política monetária.
Em pronunciamentos recentes, Galípolo reforçou que o Banco Central precisa buscar o centro da meta de inflação, e não descartou a retomada de um movimento de alta na Selic para alcançar este objetivo. “Galípolo vem se posicionando comprometido em manter a inflação dentro da meta. Como temos um contexto de pressão inflacionária, a tendência é de alta nos juros”, disse Paulo Saad, COO da assessoria de investimentos WFlow.
A indicação de Galípolo, porém, também pode ter revivido preocupações com o poder de influência do governo, defensor de juros menores, sobre o Banco Central, e a necessidade de um esforço maior da política monetária para conter a inflação no longo prazo.
A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, ressalta que Galípolo era um nome que já estava “acomodado” nas expectativas do mercado, e teoricamente a indicação dele para a presidência do Banco Central não deveria ter efeito na curva de juros. No entanto, “é um candidato indicado pelo governo. Tem toda a leitura que o mercado já tem em relação à preferência da administração atual de condução de política monetária”, afirmou.
Vale ressaltar que antes mesmo de Galípolo tomar a dianteira das atenções do mercado, as taxas de DI já operavam em alta, impulsionadas por comentários de Campos Neto, atual presidente do BC, e acompanhando o movimento das taxas de Treasuries mais longas, que renovaram máximas intradia na segunda metade do pregão,
Por aqui, Campos Neto destacou que a leitura de ontem do IPCA-15, que mostrou desaceleração na inflação, não dava conforto ao Comitê de Política Monetária (Copom), e que a inflação implícita nas taxas de mercado subiram muito – ambos fatores que mantêm na mesa a possibilidade de uma Selic mais alta em setembro.
No fechamento, a taxa do contrato de DI para janeiro de 2026 subia a 11,715%, de 11,546% no ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 aumentava a 11,64%, de 11,48%, e a taxa para janeiro de 2029 avançava a 11,735%, de 11,579%.
Por Gustavo Nicoletta
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