O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, viajará no final da semana que vem para a Cidade do Cabo, na África do Sul, para participar da reunião do Conselho de governadores do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), mais conhecido como Banco dos Brics. Além de estar na pauta o uso de uma moeda comum entre os seus membros – discussão que é apoiada pelo Brasil, o evento é visto como importante porque a agenda é similar à do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20), que este ano ocorre no Brasil, e também porque o País será, a partir de 1º de janeiro de 2025, o anfitrião dos eventos dos Brics.
Apesar de o encontro ser tratado dentro da Fazenda como prioritário, o ministro fará praticamente um “bate-e-volta” na África do Sul. A expectativa é a de que ele deixe o Brasil na noite do dia 28, chegando à Cidade do Cabo na tarde do dia 29, e tenha um dia de agenda extensa na sexta-feira (30), quando deve retornar ao País.
A primeira agenda de Haddad deve ser uma reunião bilateral ainda a ser fechada e, em seguida, ele participará da cerimônia de abertura do encontro, quando deve falar algumas palavras institucionais. Na hora do almoço, a discussão será justamente sobre as plataformas de financiamento em moeda local. O M-Bridge é o novo mecanismo de plataformas de financiamento em moeda local, que está sendo apresentado pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) e os Brics estão estudando a forma de como levar o projeto à frente. A possibilidade de utilização de uma moeda comum tem sido debatida em diferentes fóruns pelo Brasil. Já foi pauta no Mercosul e a análise do governo é a de que se trata de um tema que está em crescimento.
Na parte da tarde está prevista uma sessão de negócios da 9ª reunião anual do conselho de governadores e, na sequência, um seminário sobre como desbloquear o financiamento para o desenvolvimento sustentável em mercados emergentes e países em desenvolvimento, que também é aberto. Esta pauta tem grande adesão com o G20 brasileiro. Dificilmente, o ministro ficará para o jantar oferecido pelo anfitrião.
O evento todo é visto como algo estratégico pelo Brasil, já que esta é a última reunião deliberativa do NDB no ano antes de o País se tornar o presidente rotativo do bloco. Apesar de o programa ser enxuto, a avaliação é a de que a reunião tem grande importância, porque o Banco dos Brics, que é presidido atualmente pela ex-presidente da República, Dilma Rousseff, tem um papel estratégico para o País. Além disso, deve ocorrer uma reunião de cúpula do bloco em outubro, mas dificilmente Haddad conseguiria acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pois a agenda é muito próxima da última reunião financeira do G20 comandada pelo Brasil e que ocorrerá no mesmo mês em Washington, nos Estados Unidos.
Por Célia Froufe
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