O dono da Coteminas e presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, disse nesta terça-feira, 30, que sua empresa sairá do processo de recuperação judicial no qual se encontra quitando as dívidas com todos os credores.
Josué fez a afirmação durante café da manhã que a Fiesp ofereceu a jornalistas nesta terça-feira, ao ser perguntado se não via conflito em um empresário que lida com um processo de recuperação judicial de sua empresa comandar a entidade que representa o industrial paulista.
“Eu não trato de assuntos da minha empresa na Fiesp e não trato de assuntos da Fiesp na minha empresa. Mas, em respeito à pergunta, vou dar algumas palavras aqui. Nós fomos obrigados a pedir isso (recuperação judicial), inclusive em defesa dos credores da empresa por causa de um credor. Tomamos a decisão, que é uma proteção legal que existe. Temos certeza de que vamos sair disso com quitação com todos os credores”, disse o empresário.
Em defesa de sua empresa, Josué disse não ter dúvidas de que a situação da Coteminas é um reflexo das taxas de juros altas. “Não tenho dúvida”, reforçou.
Josué citou um estudo feito pelo economista Carlos Antonio Rocca, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), sobre as empresas de capital aberto.
“Se você pegar os dados das empresas de capital aberto compilados pelo Rocca, através da Fipe, verá que só entre elas há cerca de R$ 700 bilhões em créditos estressados”, disse. Ele afirmou também que, com juros a 13,75% ao ano, nível o qual a Selic chegou em 2022 e permaneceu até meados do ano passado, e spreads na ordem de 6% a 7%, não tem nenhuma atividade econômica que se pague.
“Então era natural que se levasse a essa situação, que não é única”, afirmou Josué.
Com relação a eventuais conflitos de interesse, o presidente da Fiesp disse que eles não existem porque separa sua atividade empresarial daquela de representante de classe. “Nunca misturei as duas coisas. Nunca fiz uma viagem pela Fiesp pagando as despesas com dinheiro da Fiesp. Nunca! Então separo as coisas de maneira muito clara”, disse.
Por Francisco Carlos de Assis
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