A primeira vice-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath, alertou hoje, 30, que a inteligência artificial (IA) pode potencializar crises econômicas, e causar desemprego em massa e riscos ao sistema financeiro, caso adotada sem a regulação e a cautela necessária.
Durante o evento da Organização das Nações Unidas (ONU) “IA Para o Bem”, ela afirmou que é preciso garantir que os sistemas tributários não favoreçam a automação. Hoje, a taxação a softwares que substituem humanos é menor que taxações à mão de obra padrão, destacou ela, baseada em uma pesquisa do FMI.
Gopinath pontuou que, inicialmente, durante um momento favorável, companhias podem investir em automação e manter seu quadro de funcionários, o que daria a falsa sensação de que a IA pode coexistir com a mão de obra atual. Porém, durante a primeira crise, a tendência é a de demitir um número de trabalhadores sem precedentes. Isso, por sua vez, acarretaria em aumento na inadimplência.
A crise na mão de obra, por consequência, poderia ser transmitida para o sistema financeiro, dado que as tomadas de decisões no mercado acionário possivelmente serão resultado de uma análise de dados, estatísticas e padrões realizada por IA. Diante de um evento sem precedentes, as decisões podem ser tomadas equivocadamente, inclusive pendendo para um “conservadorismo exacerbado”, com as decisões se expondo a pouquíssimos riscos.
Segundo Gopinath, é preciso tomar medidas que reduzam a amplificação dos riscos de transmissão às cadeias de abastecimento e ao mercado financeiro. Isso pode ser feito com regulação e monitoramento, afirmou. Além disso, mais investimento em educação e treinamento são essenciais para permitir que trabalhadores e a inteligência artificial trabalhem juntos e não sejam excludentes.
Por Gabriel Tassi Lara
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