O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, expressou hoje a visão de que o choque de oferta causado pelas enchentes no Rio Grande do Sul é temporário. Não tem, assim, grande influência sobre as decisões de juros da autarquia, que miram a convergência da inflação num horizonte mais distante.
Durante participação em evento da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), Galípolo lembrou que o horizonte relevante da política monetária, que inclui o ano de 2025, é posterior ao período ao qual estará limitado o choque na inflação causado pela tragédia gaúcha. “O choque no Rio Grande do Sul tem período específico e diferente do horizonte da política monetária”, comentou.
A exemplo da declaração dada no início da tarde pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, Galípolo lembrou que parte significativa da safra de arroz já tinha sido colhida antes das enchentes que atingiram o Estado, o que reduz no curto prazo o impacto nos preços.
Em sua fala, Galípolo tocou ainda nas oportunidades que se abrem ao Brasil na transição energética. A matriz com fontes de energia limpa já instaladas convida empresas interessadas em fazer essa transição a um custo mais baixo. Além disso, pontuou Galípolo, a reforma tributária, ao melhorar o ambiente de negócio, contribui para o Brasil atrair o capital internacional.
Porém, ponderou, a posição privilegiada do Brasil não se expressa ainda em melhora nos investimentos, dada a atração dos fluxos de capital exercida pelos juros mais altos – em paralelo ao bom desempenho da bolsa – nos Estados Unidos.
Por Eduardo Laguna e Francisco Carlos de Assis
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