A crise climática que afeta o Rio Grande do Sul não afetará de modo significativo as métricas de crédito consolidadas para as companhias às quais a Moody’s atribui ratings. No entanto, a agência lista alguns setores com maior exposição negativa à catástrofe. Entre eles, estão os bancos.
No caso das instituições financeiras, a Moody’s estima que a crise provavelmente terá um impacto negativo nas métricas de qualidade dos ativos no próximo trimestre, com o aumento dos índices de empréstimos em atraso, especialmente na carteira de pessoas físicas e de pequenas e médias empresas. Atrasos no pagamento ou falta de pagamento afetarão os números de 2024 e 2025.
Os bancos concentrados no Rio Grande do Sul estão expostos a perdas de crédito maiores, especialmente o Banrisul, mas também o Sicredi, que tem quase um terço de sua carteira de crédito no estado, e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, que tem como foco o desenvolvimento socioeconômico nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.
Outros bancos com participação relevante em empréstimos rurais a produtores do Sul, região relevante para a produção de arroz e soja, também estão altamente expostos às perdas relacionadas às enchentes, tais como o Banco do Brasil, que tem 23% de sua carteira agrícola naquela região.
“Estes bancos têm excesso de provisões para perdas com empréstimos que cobrirão parcialmente perdas inesperadas. No entanto, as instituições
com operações na região provavelmente reforçarão essas reservas no segundo trimestre, o que afetará a rentabilidade futura em comparação com os trimestres anteriores”, aponta a Moody’s.
Enquanto isso, os bancos estão tentando entrar em contato com os clientes no Rio Grande do Sul para oferecer períodos de carência ou ampliar as condições de pagamento de empréstimos, mas as interrupções nos serviços públicos e nas comunicações dificultam o acesso aos clientes.
Para a Moody’s, embora possuam estruturas digitais avançadas que facilitam a interação entre negócios e clientes, esses bancos enfrentarão dificuldades para estabelecer conexões devido à elevada extensão dos danos, o que representa um desafio que pode ampliar o risco de perdas.
Como um banco focado em câmbio, o Topazio depende de suas operações predominantemente digitais e de seu plano de continuidade de negócios para mitigar possíveis interrupções operacionais, observa a Moody’s.
Por Elisa Calmon
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