Com o aumento das tensões entre Israel e Irã, o Ibovespa acompanhou a piora do humor externo ao longo da tarde e fechou o dia em baixa de 1,14%, aos 125.946,09 pontos, no menor nível de encerramento desde 6 de dezembro passado, então aos 125,6 mil. Na semana, o índice da B3 acumulou perda de 0,67%, após retração de 1,02% no intervalo anterior. Hoje, oscilou dos 125.635,13 aos 127.639,90 pontos, saindo de abertura a 127.396,30 pontos. O giro financeiro foi a R$ 23,3 bilhões na sessão. No mês, o Ibovespa recua 1,69% e, no ano, cai 6,14%.
Em Nova York, as perdas nesta última sessão da semana ficaram entre 1,24% (Dow Jones) e 1,62% (Nasdaq). Na B3, poucas entre as principais ações escaparam ao dia de correção. Vale (ON -0,37%) e Petrobras (ON -0,81%, PN -0,92%) não ficaram imunes, apesar do avanço nos preços do minério e do petróleo nesta sexta-feira. Na China, o minério subiu pelo quinto dia em Dalian, a US$ 116,55 por tonelada, em alta de 3,12% – desde a retomada dos negócios nesta semana, após o feriado chinês, o minério se recuperou sem interrupção.
O petróleo, por sua vez, sentiu efeito direto da possibilidade de ataque iminente que se espera a Israel por iniciativa do Irã ou de seus aliados, do sul do Líbano (Hezbollah) ou do Iêmen (Houthis). O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que prometeu apoio incondicional a Israel em caso de represália iraniana ao ataque do início do mês a um consulado do país persa na Síria, disse hoje que uma ação inimiga contra o aliado no Oriente Médio deve ocorrer mais cedo do que tarde.
Jornais e agências de notícias europeias destacaram nesta tarde a escalada do conflito entre Israel e o Hamas, com a possibilidade agora de uma ofensiva vinda do Irã, após o ataque israelense contra o consulado iraniano em Damasco, na Síria. Segundo os portais dos jornais The Guardian, Deutsche Welle, El País, Corriere della Sera, Le Figaro, o Ocidente está em alerta para a retaliação da república islâmica, reporta a jornalista Letícia Naome, do Broadcast.
Para além das tensões geopolíticas no Oriente Médio, “o Ibovespa teve três dias consecutivos de quedas expressivas, e o dólar três dias consecutivos de alta, muito atrelada à preocupação com os juros americanos e com a inflação mundial”, diz Dierson Richetti, sócio da GT Capital. “O retrato da semana é de muita cautela, principalmente na Bolsa, com falta de atratividade para trazer recursos ao Brasil no momento, o que se reflete na cotação alta do dólar”, acrescenta.
Nesta sexta-feira, o dólar à vista fechou em alta de 0,60%, a R$ 5,1212, avançando na semana. A correlação de dólar em alta e de Bolsa em queda no intervalo refletiu, em especial, a leitura preocupante, ainda no meio da semana, sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos em março, que retardou, de junho ou julho para setembro, a expectativa de mercado quanto ao momento em que o Federal Reserve começará a cortar os juros.
Com a pressão de alta no dólar e expectativa de juros elevados por mais tempo nos EUA, ações de empresas como Azul (-10,07%), com exposição a câmbio, estiveram entre as punidas pelos investidores na sessão. Na ponta perdedora do Ibovespa, destaque também para nomes do setor de construção, como MRV (-6,19%) e Eztec (-5,76%), correlacionados ao ciclo doméstico e sensíveis a juros.
No lado oposto, além da leve recuperação observada em Eletrobras (ON +0,46%, PNB +0,32%) na sessão, destaque para Prio (+2,13%), que acompanhou o petróleo, à frente nesta sexta-feira de Cielo (+1,30%) e CSN (+0,21%). Entre os grandes bancos, o dia foi de perdas acima de 1%, tendo Bradesco (ON -1,49%, PN -1,25%) e Banco do Brasil (ON -1,30%) à frente.
O mercado ficou um pouco mais cauteloso sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo, mostra o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, a expectativa majoritária (50%) continua sendo de ganho para o Ibovespa na próxima semana, enquanto 33,33% esperam estabilidade e 16,67%, queda. No Termômetro anterior, as previsões se dividiam entre alta e variação neutra, com 60% e 40%, respectivamente, sem respostas indicando baixa.
Por Luís Eduardo Leal, Mateus Fagundes e Cícero Cotrim
Be First to Comment