Uma visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve marcar nesta quinta-feira, 18, a retomada de investimentos públicos na Refinaria Abreu e Lima, na região metropolitana do Recife (PE), que esteve no centro do escândalo de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Os detalhes do novo projeto foram anunciados nesta quarta-feira, 17, por executivos da Petrobras.
As obras de ampliação da unidade terão início no segundo semestre deste ano e deverão ser finalizadas em 2028, quando a refinaria terá capacidade para processar 260 mil barris de petróleo por dia – bem acima dos 100 mil barris processados hoje. Só a produção de diesel S10 (de baixo teor de enxofre) deve ser incrementada em 13 milhões de litros por dia. Ao fim desse processo, Abreu e Lima vai responder por 10% do refino da Petrobras, ante os 6% atuais.
Além disso, o projeto prevê a construção da primeira unidade no País que vai transformar óxido de enxofre (SOx) e óxido de nitrogênio (NOx) em um novo produto para comercialização.
O investimento está previsto no plano estratégico da Petrobras e faz parte do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. Especialistas criticam o modelo de negócios da estatal prevendo a retomada de investimentos em refinarias, em detrimento de maiores gastos na exploração da área do pré-sal (mais informações na pág. B2). Além de Lula, a visita deve ter as presenças do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e de representantes da Casa Civil e do Ministério de Minas e Energia (MME).
O valor dos investimentos não foi divulgado. Segundo a gerente executiva de projetos de desenvolvimento da produção da Petrobras, Mariana Cavassin, o montante total a ser desembolsado no projeto de Abreu e Lima nos próximos cinco anos ainda não pode ser revelado porque as licitações de construção do chamado Trem 2, uma das três etapas do projeto, estão em fase de recebimento de propostas até fevereiro. Depois disso, disse ela, as cifras devem ser reveladas.
‘Projeto robusto e viável’
“Nós avaliamos o projeto em todos os cenários econômicos que a Petrobras tem na carteira. E avaliamos isoladamente cada uma das etapas e também em conjunto para garantir que o projeto é robusto e viável economicamente, com retorno positivo para a companhia”, disse Mariana, acrescentando que as obras devem ter um pico de atividade em 2025, com a promessa de gerar 30 mil empregos diretos e indiretos.
Abreu e Lima foi lançada em 2005, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi pensada como projeto em conjunto com a Venezuela, em pleno governo de Hugo Chávez. A Petrobras seria responsável por 60% dos investimentos e os 40% restantes seriam aportados pela Venezuela, o que nunca aconteceu.
Com a desistência do país vizinho, a Petrobras decidiu construir sozinha, inicialmente, apenas um dos dois conjuntos (trem) de refino, a um investimento estimado em cerca de US$ 2,5 bilhões, montante que, com o passar do tempo, subiu para US$ 18,5 bilhões. A unidade começou a operar em 2014 – com um atraso de três anos -, ficando no centro das investigações da Operação Lava Jato por superfaturamento durante as obras de construção.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Gabriel Vasconcelos, Denise Luna e Marlla Sabino
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