O fim da desoneração da folha de pagamento no segmento de transporte urbano pode aumentar a inflação em 0,2 ponto porcentual, segundo estimativa da Associação Nacional das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiro (Anatrip). “A reoneração implicará em aumento de custos que será repassado para a tarifa dos passageiros”, explica o secretário-executivo da Anatrip, Gabriel Oliveira. “O veto presidencial vai na contramão das medidas do governo de controlar a inflação”, avalia o executivo.
Nesta sexta-feira, 24, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou integralmente o PL 334/2023, que prorroga, por mais quatro anos, a chamada desoneração da folha de pagamentos para 17 setores da economia, incluindo transporte rodoviário e metroviário de passageiros. Segundo estimativas do setor de transporte urbano, a reoneração deve gerar aumento de 6,78% nos custos totais do serviço e, por consequência, reajuste médio das tarifas para o passageiro de até R$ 0,31.
Para Oliveira, a decisão afeta a recuperação financeira das empresas no pós-pandemia. “Estamos voltando ao volume de passageiros de 2019 e caminhando para retomar a capacidade de investimento das empresas, um aumento de custos vai reverter esse movimento positivo”, explica. O executivo avalia que o repasse da alta das despesas para a tarifa terá um impacto para além das empresas de transporte. “A população com menos renda será impactada pelo aumento da tarifa, as empresas que pagam vale transporte terão aumento nos gastos”.
O secretário-executivo da Anatrip também acredita que o desgaste político de aumento de tarifas de transporte público pode dificultar para as empresas conseguirem repassar os custos da reoneração. “Isso pode afetar a saúde financeira do segmento de transporte, podendo inclusive implicar até em dificuldades das empresas de cumprirem obrigações trabalhistas, por exemplo”, afirma Oliveira.
Por Ana Rita Cunha
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