O bispo dom Valdir Mamede, da Diocese de Catanduva, no interior de São Paulo, renunciou à função episcopal. O pedido de renúncia foi aceito pelo papa Francisco, conforme boletim divulgado nesta quarta-feira, 1º, pelo serviço de imprensa do Vaticano. Até que um novo bispo seja nomeado, o administrador apostólico da diocese será dom Luiz Carlos Dias, bispo de São Carlos.
O Vaticano não divulgou os motivos da saída de dom Valdir, que respondia pela diocese desde julho de 2019. Em fevereiro deste ano, sob seu bispado, a Diocese de Catanduva foi condenada a pagar R$ 210 mil de indenização por danos morais a uma jovem, supostamente abusada sexualmente por um padre quando tinha 11 anos de idade. A condenação ao pagamento atingiu também o padre.
Na época, o bispo teria proposto que os 47 padres da diocese contribuíssem mensalmente com uma parte de suas remunerações para pagar a indenização. A medida causou descontentamento no clero. De acordo com o advogado Ribamar de Souza Batista, que defendeu o padre, a acusação inicial de estupro de vulnerável foi desclassificada para importunação ofensiva ao pudor, que prevê somente pena de multa.
Isso deu margem para que sentença envolvendo a indenização também fosse reformada no Tribunal de Justiça de São Paulo. Em agosto deste ano, a 7.ª Câmara de Direito Privado do TJ reduziu o valor da indenização a ser paga pelo padre e pela diocese a R$ 20 mil. Segundo o advogado, houve recurso especial contra essa decisão, que ainda não foi julgado.
A reportagem entrou em contato com dom Valdir Mamede, mas ele não retornou às ligações. A Diocese de Catanduva informou que não comentaria a decisão pessoal do bispo. O Estadão pediu informações sobre a renúncia do prelado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e à Nunciatura Apostólica, que representa o Vaticano no País, e ainda aguarda retorno.
Por José Maria Tomazela
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