A Telefônica Brasil (dona da marca Vivo) contabilizou R$ 530 bilhões em investimentos na construção de redes de telefonia, internet móvel e banda larga, leilões de frequências, além de aquisições de concorrentes, como a Oi Móvel mais recentemente e a GVT anos atrás. O balanço fez parte da comemoração dos seus 25 anos de listagem na Bolsa de Valores. Quando a empresa multinacional espanhola desembarcou no Brasil, em 1998, por meio da compra da Telesp, uma linha de telefone custava cerca de US$ 5 mil.
“Se alguém duvida da eficácia do setor privado no mercado nacional, basta olhar o exemplo da telefonia. Antes da privatização, era um serviço de elite. Era preciso até declarar no imposto de renda. Tinha gente que até alugava”, afirmou o presidente da Telefônica Brasil, Christian Gebara, durante cerimônia realizada na B3, centro da capital paulista. “Houve uma grande democratização desse bem essencial à população por meio de uma série de investimentos das empresas do setor”, emendou.
A Telefônica tem, hoje, 98 milhões de clientes de telefonia e internet móveis, um salto em comparação com os 17 milhões de 2003, ano de surgimento da Vivo (até então, uma joint venture com a Portugal Telecom). O grupo também tem hoje 1,8 mil lojas físicas, uma rede comparável à das maiores varejistas do País, citou Gebara. Além disso, são 1,7 milhão de investidores, o que coloca a tele entre as companhias da B3 que mais atraem pessoas físicas.
Na parte operacional, a Telefônica iniciou suas atividades, em 1998, oferecendo apenas o serviço de telefonia fixa no Estado de São Paulo. Mas com o passar dos anos, as chamadas de voz caíram em desuso, passando a representar apenas 6% do faturamento do grupo. “Hoje esse é um serviço menos relevante para o nosso negócio”, disse, já em entrevista coletiva à imprensa.
A maior parte da receita vem dos planos de internet móvel e fixa, bem como da criação de um portfólio variado de serviços a empresas e pessoas – que vão de tecnologia da informação e conectividade até parcerias com outras empresas para oferta de serviços financeiros, de saúde, educação e entretenimento. “É uma nova maneira de enxergar o negócio que vai além do tradicional, que é investir em rede, conectar cliente e cobrar pela conexão. Isso continua sendo vital para nosso crescimento, mas se somam a isso outros serviços e à visão de um futuro dentro de um ecossistema digital”, afirmou.
Pico do investimento
Na visão do presidente da Telefônica Brasil, o auge do investimento tradicional em infraestrutura já passou. Como exemplo, ele menciona o mercado de banda larga. A Telefônica fez uma cisão da sua rede de fibra ótica, que passou a integrar uma nova empresa – a Fibrasil, que tem como sócio o fundo de pensão canadense CDQP. A partir daí, a Telefônica passou a se concentrar na prestação do serviço de banda larga e não mais no investimento nas construções das redes de fibra ótica.
Gebara disse que a Fibrasil tem uma cobertura que abrange 24,7 milhões de domicílios e planos de atingir 29 milhões até o ano que vem. “A partir daí, existem alternativas: construo, compro ou uso. Existem outras redes de fibra”, explicou.
O executivo afirmou que a companhia está sempre olhando os ativos à venda, mas que até agora não encontrou nada que se encaixe no perfil buscado. É preciso considerar se há sobreposição das redes, qualidade dentro dos padrões e se o valor pedido é mais vantajoso do que a construção por conta própria ou locação de redes de terceiros. Não é uma fórmula fácil e até agora não encontramos nenhum ativo. Mas estamos sempre olhando”.
Por Circe Bonatelli
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