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Haddad: Brasil vai crescer mais do que projeções do mercado; pode bater em 2%

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira, 26, que a economia brasileira está voltando à normalidade e deve crescer mais do que o previsto pelo mercado. O ministro reiterou, em entrevista à GloboNews, a previsão próxima a 2% – 1,9%, precisamente – feita pela equipe econômica ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.

“Nós estamos voltando à normalidade e vamos crescer mais do que as pessoas imaginam, digo as pessoas de mercado, que estão projetando ainda crescimento de 1,1% e 1,2%. Isso não vai acontecer”, declarou o ministro. “O Brasil vai crescer 1,7%, 1,8%, e os mais otimistas, como eu, dizem que o crescimento pode bater em 2% este ano”, acrescentou.

O ministro demonstrou confiança na redução em breve dos juros, mas, por outro lado, manifestou preocupação com a transição até o relaxamento da política monetária ter efeito no crédito e no consumo. Por esse motivo, justificou, o governo anunciou ontem a desoneração dos automóveis de entrada, uma tentativa de resgate do carro popular.

Segundo Haddad, o programa apresentado pelo vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, é de curto prazo, além de focado em “soluções ambientalmente corretas”, com o objetivo de contornar a atual limitação de crédito no mercado, que tem levado a um grande acúmulo de estoque nos pátios de montadoras e concessionárias.

“Várias montadoras deixaram o Brasil”, lembrou o ministro ao defender que o País precisa de um programa para evitar o fechamento de outras fábricas durante a transição. Ele observou que a conjuntura da indústria automotiva inspira cuidados não apenas pela alta de juros, mas também pela crise na Argentina, historicamente o principal destino dos carros exportados pelo Brasil.

Reindustrialização

Após as votações do novo marco fiscal e da reforma tributária, pautas prioritárias no Congresso, ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que transição ecológica e a reindustrialização, a partir de base sustentável, estarão no foco da agenda econômica do governo.

Segundo o ministro, as primeiras medidas de transição ecológica serão lançadas em agosto. Porém algumas questões precisam ser enfrentadas desde já, como a queda vertical das vendas de caminhões menos poluentes.

Ontem, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou linhas de crédito a juros mais baixos que beneficiam, em parte, a aquisição de bens de capital. É o caso dos veículos de carga, que, como observou Haddad, ficaram em quase R$ 100 mil mais caros em função da atualização tecnológica para baixar as emissões.

O ministro ponderou que a prioridade até aqui era votar o arcabouço fiscal, e a partir de agora o governo tem “todas as condições” de tomar decisões no calendário correto e, à exemplo das indicações ao Banco Central, com base em discussão técnica.

Conforme Haddad, assim como o marco fiscal, a reforma tributária é uma agenda de Estado e de longo prazo, cujo diálogo e construção é de interesse de todos. Assim, ele pontuou que o texto do relator Aguinaldo Ribeiro está em formulação com apoio da equipe técnica do ministério da Fazenda.

Ainda sobre mudanças no modelo tributário, Haddad descartou a possibilidade de recriação de um imposto sobre movimentações financeiras nos moldes da CPMF. “Era projeto do governo anterior, não temos pretensão de recriar isso”, assegurou.

Manifestando otimismo de queda dos juros à frente, Haddad disse que o Brasil tem “as melhores condições” de ser destino dos investimentos globais, considerando tanto o ponto de vista energético quanto os marcos regulatórios do País.

Por Eduardo Laguna e Fernanda Trisotto

Estadão Conteúdo

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