A Eneva, empresa de exploração e produção de gás natural e geração de energia termelétrica, reportou prejuízo líquido de R$ 193,9 milhões no quarto trimestre de 2022 devido a despesas não recorrentes. Em igual período de 2021, houve lucro de R$ 489,4 milhões.
Nos 12 meses de 2022, o lucro da companhia foi de R$ 376 milhões, 65% menor que o registrado em todo 2021, de R$ 1,1 bilhão.
A receita líquida da companhia somou R$ 2,32 bilhões de outubro a dezembro de 2022, alta de 37,9% ante um ano atrás, quando a receita foi de R$ 1,68 bilhão. O crescimento na margem, ou seja, na comparação com o terceiro trimestre (R$ 1,7 bilhão) é praticamente o mesmo.
O Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou R$ 563 milhões no quarto trimestre, queda de 33,2% na comparação com um ano atrás (R$ 842,5 milhões). Ante o trimestre imediatamente anterior, quando o Ebitda ficou em R$ 597,7 milhões, houve recuo de 5,8%.
Despesas não recorrentes
O resultado, informou a empresa ao Broadcast, está ligado principalmente a despesas não recorrentes, relacionadas à aquisição de ativos como a usina termelétrica Celse, no Sergipe.
O diretor financeiro da Eneva, Marcelo Habibe, afirmou que o resultado se deve a gastos “pontuais e planejados”, associados a aquisições, como serviços de advogados; de bancos que estruturaram operações e de empresas de engenharia, que atuaram na prospecção e análise dos negócios.
Investimentos e dívida
Os investimentos da Eneva no trimestre somaram R$ 695 milhões, 79% acima do registrado nos últimos três meses de 2021 (R$ 388 milhões) e 42,7% maior que os R$ 486,9 milhões investidos no trimestre imediatamente anterior.
Desagregando os investimentos, R$ 149 milhões foram orientados ao projeto de usina solar Futura; R$ 110 milhões foram alocados para atividades de upstream, tanto no desenvolvimento quando exploração de campos de gás; e R$ 89 milhões foram usados para a conclusão do projeto Azulão Jaguatirica, em Roraima.
Já a dívida líquida da companhia no período chegou a R$ 16,6 bilhões, ante 5,7 bilhões ao fim do terceiro trimestre, uma alta de 191% ligada, sobretudo ao esforços para aquisição das termelétricas Termofortaleza (CE), Celse (SE), e a comercializadora Focus Energia.
A alavancagem, razão entre dívida líquida e Ebitda nos últimos 12 meses, ficou em 4,8 vezes. Segundo Habibe, com a consolidação dos ativos recém-adquiridos e a entrada de seus resultados na receita da companhia, essa alavancagem deve cair naturalmente, mas a Eneva pretende acelerar esse processo para abrir espaço à “novas oportunidades” em 2023.
Para tanto, a empresa pretende vender participações em sua plataforma de energias renováveis a fim de reciclar capital e acelerar a redução da alavancagem.
A Eneva ainda informou posição de caixa de R$ 2,0 bilhões ao fim de dezembro.
Por Gabriel Vasconcelos
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