A Stone, empresa de maquininhas de cartões, encerrou o quarto trimestre de 2022 com lucro ajustado de R$ 235 milhões, comparado a um prejuízo de R$ 32,5 milhões do mesmo período do ano anterior. Ante o terceiro trimestre de 2022, o lucro cresceu 44%. Para 2023, a companhia promete voltar a dar crédito aos pequenos lojistas e empresas menores, mas avisa que vai ser comedida.
O lucro líquido do quarto trimestre ainda teve impacto negativo dos ajustes nos preços das ações do Banco Inter que a companhia tinha em carteira, que levaram a perda de R$ 114 milhões. Com isso, o resultado líquido ficou em R$ 78,8 milhões, ante uma perda de R$ 801,5 milhões do período final de 2021. No começo de 2023, a Stone vendeu o restante das ações que tinha do banco digital, ou seja, esse impacto vai desaparecer.
A Stone encerrou o ano com R$ 3,5 bilhões de caixa líquido, um número importante em tempos de escassez de recursos no mercado. Rafael Martins, vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da empresa, conta que a geração de caixa no quarto trimestre foi a maior de 2022. Isso levou a Stone a usar parte dos recursos para pagar dívidas. “Conseguimos aliar crescimento forte com ganho de rentabilidade”, disse ele sobre 2022, destacando que a empresa dobrou receitas no ano passado com crescimento das margens e do resultado.
Com mais empresas usando as maquininhas e serviços da Stone, as receitas somaram R$ 2,7 bilhões no quarto trimestre de 2022, expansão de 44% em 12 meses. O número ficou acima do que a empresa havia previsto para o período (R$ 2,6 bilhões). O Ebitda ajustado (lucro antes dos impostos, juros e amortizações) somou R$ 316 milhões, ante um número negativo de R$ 49 milhões ao final de 2021, também acima do previsto (R$ 250 milhões).
Ao final de dezembro, a Stone tinha 2,5 milhões de clientes, a maioria de micro e pequenas empresas e comerciantes.
As maquininhas espalhadas nos pontos de vendas de seus clientes menores movimentaram R$ 81,9 bilhões nos três meses finais de 2022, crescimento de 23% em 12 meses e também acima da expectativa, que ia até R$ 79 bilhões.
Ano da virada
Após um ano difícil para a empresa em 2021, com perdas no crédito, 2022 foi o ano de fazer mudanças internas, destaca em comentário no balanço o presidente da empresa, Thiago Piau, que está deixando o cargo. No lugar, fica Pedro Zinner, que assume a partir de abril.
Mais crédito
Para 2023, a empresa promete voltar a dar crédito, após remodelar seu programa e sua estratégia. Projetos pilotos serão feitos neste primeiro semestre, para que o produto comece a ganhar força na segunda metade do ano, segundo Lia Matos, diretora (CSO) da Stone.
“Uma das principais necessidades de nosso cliente é ajuda com capital de giro.” A Stone também vai oferecer cartão de crédito para os micro, pequenos e médios clientes. “A velocidade vai depender do ambiente macro e do nosso apetite por risco.”
A Stone também reajustou preços cobrados dos lojistas para cima em 2022, seguindo uma tendência de todo o mercado de maquininhas, por conta da alta de juros. Se os juros voltarem a subir, novas altas serão necessárias, conta Martins. Ao mesmo tempo, se a taxa Selic cair, a velocidade de queda dos preços tende a ser menor.
A ‘take rate’ da Stone, indicador que mede quanto de cada transação fica com a empresa, fechou 2022 em 2,21%, ante 1,71% de um ano antes, considerando a base de clientes de menor porte.
Por Altamiro Silva Junior
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