O Assaí apresentou um lucro líquido de R$ 406 milhões no quarto trimestre de 2022, uma queda de 23% frente ao apresentado no mesmo período de 2021. No entanto, esse resultado considera efeitos não recorrentes em créditos tributários, especialmente no período usado como comparação. Se desconsiderados esses efeitos, o lucro líquido teria subido 7,3%. No ano de 2022, o lucro líquido foi de R$ 1,2 bilhão, com queda de 24% sobre 2021. Com o mesmo ajuste do lucro trimestral, o indicador mostraria estabilidade frente ao ano anterior.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da companhia foi de R$ 1,2 bilhão, alta de 28,6% frente ao ano passado. A margem Ebitda teve leve queda de 0,6 ponto porcentual. A empresa já havia sinalizado ao mercado que, com a compra das lojas de hipermercado do Extra e suas reformas, esse indicador poderia ser afetado, mas, na visão do diretor-presidente da companhia, Belmiro Gomes, o impacto foi menor do que o esperado.
“Haveria uma pressão, mas ela foi menor do que o que foi visto no mercado. Nossa margem Ebitda caiu 60 bps mesmo com a quantidade recorde de abertura de lojas. Acredito que o mercado esperava uma pressão maior na margem. Além disso, poderia ter acontecido um efeito de canibalização (roubo de vendas) das lojas antigas pelas lojas novas, o que não aconteceu”, disse Gomes.
A expansão foi, de fato, intensa. Foram 60 novas lojas no ano, sendo 47 conversões dos estabelecimentos adquiridos do ExtraHiper e 13 lojas orgânicas. No último trimestre, foram 37 aberturas, das quais 33 foram conversões e 4 lojas orgânicas. Gomes garante que as lojas de hipermercado adquiridas e reformadas estão mostrando que valeu o investimento. Esses pontos estão vendendo entre 2 e 2,5 vezes mais no formato de hipermercado com cerca de 2 meses de operação em média.
A receita bruta da rede foi de R$ 17,4 bilhões no último trimestre de 2022, evolução significativa de 38% frente ao mesmo período do ano anterior. A empresa explica que a alta foi decorrente das novas lojas e do desempenho de vendas em mesmas lojas (conceito que considera apenas as lojas já abertas um ano antes), que foi de 10,5%. A receita líquida foi de R$ 15,9 bilhões, com alta de 38%.
Endividamento
Por outro lado, a compra aumentou o endividamento da companhia em um período de alta de juros. “O custo de carregamento da dívida pressiona o lucro líquido, uma vez que a companhia está alavancada. Em 2023, vai se manter a pressão, mas como esperamos que o endividamento caia para 1,5 vezes o Ebitda, a pressão diminui”, afirmou Gomes. Ele destaca, porém, que o endividamento da companhia está dentro do planejamento. Em 2022, ficou em 2,19% do Ebitda. Para 2023, a expectativa e de terminar em 2% e, em 2024, 1,5%. Tudo isso, por meio da geração de caixa do negócio, já que a área financeira da companhia, comandada por Daniela Sabbag, se antecipou e alongou as dívidas ainda em 2022. Assim, não há vencimentos significativos para o ano de 2023.
Inflação
Para Gomes, o período de inflação mais controlada que se apresenta é uma boa notícia. Apesar de alguns analistas indicarem que isso pode fazer a receita de setor crescer mais lentamente, ele argumenta que o público da companhia é bastante focado em preço baixo e, no geral, por ter uma renda mais baixa, aproveita quando os produtos ficam mais baratos para comprar aquilo que, antes, não estava cabendo no orçamento.
“Um exemplo claro disso foi quando fizemos uma promoção que dava vouchers de R$ 100. A maior parte dos que ganhavam não guardava para a próxima compra, voltava para as prateleiras para comprar o que não havia podido comprar antes”, conta. Ele aposta, portanto, que com a queda progressiva da inflação, seu negócio será beneficiado.
Por Talita Nascimento
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