Num momento em que sinais de acomodação do consumo se somam aos persistentes gargalos nas linhas de montagem, paradas de produção voltaram a acontecer na indústria de veículos. Por diferentes motivos, as atividades já foram ou serão suspensas nos próximos dias em fábricas da General Motors (GM) e da Volkswagen.
A GM parou a produção do Onix, seu modelo mais vendido, na segunda-feira da semana passada. Em férias coletivas, os operários só voltam depois do Carnaval, no dia 23 de fevereiro. A montadora informa que a parada da unidade de Gravataí (RS), onde o modelo é produzido, se deve a atualizações e modernizações técnicas do processo produtivo.
Da quarta-feira de cinzas, dia 22, até 3 de março, a Volkswagen não vai produzir tanto em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, quanto em São José dos Pinhais, no Paraná. O motivo, nesse caso, é a insuficiência de peças, razão pela qual a Volks também vai parar sua fábrica de motores em São Carlos, no interior paulista, entre os dias 20 de fevereiro e 1º de março.
Segundo a Volkswagen, a parada no ABC, cuja unidade monta os modelos Polo, Virtus, Nivus e Saveiro, estava programada desde o ano passado, como parte da adequação de seus processos produtivos ao fornecimento de peças. Na fábrica de Taubaté (SP), onde iniciou a produção do Polo Track, sucessor do Gol, a produção seguirá normalmente, em dois turnos, durante fevereiro, informa a Volkswagen.
Nos últimos meses, a melhora na disponibilidade de componentes eletrônicos permitiu à indústria automotiva aumentar o ritmo de produção, recompor estoques e atender pedidos de locadoras que estavam atrasados. A maioria das montadoras está conseguindo produzir sem interrupções desde a volta das férias de fim de ano, mas as paralisações na Volkswagen mostram que a irregularidade no fornecimento de peças ainda não foi totalmente superada.
Confiante na melhora gradual do abastecimento, a Anfavea, entidade que representa os fabricantes de veículos, divulgou no mês passado previsões que apontam para um crescimento de 3% das vendas e de 2,2% da produção neste ano. Os resultados de janeiro, porém, frustraram as expectativas da indústria, que vê sinais de desaceleração da demanda em decorrência da elevação das taxas de financiamento.
Por Eduardo Laguna
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