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CNPq atrasa pagamento de bolsas para pesquisadores

O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ricardo Galvão, admitiu ontem que o pagamento de bolsas de pesquisadores está atrasado. Segundo ele informou nas redes sociais, isso ocorre por causa de “trâmites burocráticos de transição da documentação para a nova gestão” do órgão, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

Galvão afirmou que os recursos “estão todos garantidos”. Ele disse também que o CNPq tenta “agilizar o processo para fazer os depósitos o mais rápido possível”. Na publicação no Twitter, porém, ele não falou em um prazo. O CNPq afirmou que os depósitos serão feitos nesta quarta-feira. O órgão disse que “em regra e tradicionalmente, o pagamento das bolsas do CNPq é feito no quinto dia útil de cada mês”. “No mês corrente, a data é neste dia 7, terça-feira”, escreveu.

Ao Estadão, o presidente da ANPG, Vinícius Soares, contou que mais de cem estudantes buscaram a associação para relatar que o pagamento não havia sido liberado. O atraso, para eles, é sinônimo de preocupação. “Ficamos preocupados, porque as contas não esperam.”

Segundo ele, alguns bolsistas até chegaram a receber o valor cheio e outros apenas a taxa de bancada (valor destinado a gastos com a pesquisa). Soares conta que as agências de fomento costumam fazer os depósitos até o quinto dia útil do mês. O CNPq, porém, conforme os estudantes geralmente é o primeiro a pagar.

Questionado pelo Estadão sobre quais trâmites bloquearam o pagamento, o CNPq apenas encaminhou as mesmas informações publicadas no Twitter da instituição. O Ministério da Fazenda também foi procurado, mas não respondeu.

Hoje, as bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado têm os valores de R$400, R$1,5 mil e R$2,2 mil, respectivamente. Neste ano, as bolsas completam dez anos sem reajuste e acumulam defasagem. Segundo Soares, o valor atual equivale a 1/4 do que era em 2013. Mesmo com o valor defasado, muitas dessas bolsas exigem do pesquisador dedicação exclusiva, sendo, dessa forma, a única fonte de renda. O novo governo havia prometido anunciar reajuste dos bolsistas da pós-graduação (CNPq e Capes) ainda em janeiro, mas isso não ocorreu.

EXEMPLOS

Doutoranda em Linguística da Unicamp, Larissa da Silva Fontana, de 25 anos, não recebeu nem a bolsa nem a taxa de bancada. “É um pouco frustrante, porque a bolsa é o nosso salário. Pós-graduando é trabalhador e só tem essa verba.” Ângela Maria Pereira, doutoranda em Saúde Pública do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz/PE), de 39 anos, conta que o companheiro teve de arcar com todo o aluguel deste mês. “Depois, vou repor.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Leon Ferrari

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