Com o custo da construção pressionado pela inflação dos insumos, executivos de incorporadoras imobiliárias cobraram nesta quinta-feira, 24, novas ações do governo para facilitar as importações, de modo a aumentar a competição aos fornecedores de materiais nacionais.
Considerando que o acesso aos imóveis sofre restrições tanto em preços quanto de custo de financiamento, o avanço nas reformas, em especial a administrativa e a tributária, também foi considerado essencial para o País ter condições de reduzir juros durante painel que reuniu dirigentes do setor em congresso da Abrainc, a associação das incorporadoras imobiliárias.
“Dado o cenário que vivemos, primeiro de pandemia e agora de guerra na Ucrânia, precisamos de solução de custo no curto prazo”, comentou o presidente da Direcional, Ricardo Valadares.
Ele acrescentou que o número de famílias em condição financeira de comprar imóveis vem sendo limitado não somente pelos preços, mas também pelo financiamento mais caro. Os juros de referência, a Selic, teria que estar seis pontos porcentuais abaixo da taxa atual (11,75%) para reverter essa situação, avaliou.
O painel das incorporadoras aconteceu pouco após a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, no congresso da Abrainc. Apenas uma pergunta foi feita pela plateia ao ministro, mas Valadares revelou que gostaria de questionar Guedes sobre as medidas que estão sendo tomadas pelo governo para incentivar a importação de insumos. “A queda de custo dos insumos teria papel fundamental ao crescimento do setor”, assinalou.
Na mesma linha, Breno Prestes, presidente da construtora Prestes, ressaltou a prioridade que o País precisa dedicar ao andamento das reformas. “Dependemos muito de política econômica sustentável. Do ponto de vista estrutural, as reformas tributárias e administrativa são essenciais ao negócio por levarem a juros menores. Quando equilibramos tudo isso, nosso setor vai de vento em popa.”
Segundo executivos de incorporadoras, o maior acesso a novas tecnologias de construção também é um avanço necessário para aumentar a produtividade nas obras.
Na contramão da digitalização de uma série de atividades, acelerada na pandemia, o presidente da RNI, Carlos Bianconi, chamou atenção à defasagem tecnológica no processo construtivo, principalmente nos projetos de habitação popular.
“As barreiras normativas precisam evoluir para as empresas acessarem evoluções tecnológicas”, afirmou o executivo.
Por Francisco Carlos de Assis, Eduardo Laguna e Circe Bonatelli
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