Apesar de um cenário adverso no mercado internacional e da proximidade das eleições, os ativos brasileiros entraram numa trajetória de alta no início deste ano. Desde janeiro, o Ibovespa, principal índice da B3, avançou 9,5%, enquanto o dólar caiu 7,45% – passando de R$ 5,58 para R$ 5,18. Só nesta terça-feira, 15, a Bolsa subiu 0,82%, para 114,8 mil pontos, e a moeda americana recuou 0,72%.
O desempenho brasileiro destoa do de países ricos. Nos EUA, por exemplo, a Bolsa de Nova York acumula queda de 2,84%, e a Nasdaq, de 10,85%. Na Europa, Frankfurt recuou 2,84% desde o início de 2022. Mercados latino-americanos seguem a tendência brasileira. As Bolsas da Argentina e do Chile já avançaram 5,4% e 8%, respectivamente.
Esse cenário não é o esperado quando há a expectativa de um aperto monetário pelo Federal Reserve (o Banco Central dos EUA). Nesses casos, o fluxo de capital é em direção ao mercado americano, que passa a pagar mais por empréstimos e é tido como mais seguro.
Para o economista-chefe da Trafalgar Investimentos, Guilherme Loureiro, o que explica o panorama é o fato de as Bolsas americanas estarem caras, as europeias com risco elevado em razão do conflito entre Rússia e Ucrânia e a chinesa ainda sofrendo com a crise do setor imobiliário. “Aí aparece a América Latina, ainda mais em um ambiente de commodities mais altas.”
O diretor de investimentos da XP Private, Artur Wichmann, afirma que o otimismo não é com os ativos brasileiros, mas com as companhias que trabalham com commodities. “Antes de dizer que o Brasil está se destacando, tem de separar o que é mérito nosso. O mundo ligado ao ciclo de commodities e à alta de juros é que vai muito bem.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Luciana Dyniewicz
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