A recuperação parcial do setor de turismo em 2021 serviu apenas para diminuir as perdas, sugerem estimativas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Nos cálculos da entidade, o setor deixou de faturar R$ 214 bilhões no ano passado. Com isso, as atividades turísticas acumularam, do início da pandemia, em 2020, a dezembro de 2021, uma perda total de R$ 473,7 bilhões nas receitas.
O acompanhamento das perdas de faturamento vem sendo feito pela CNC desde o início da pandemia. Toma como base o ritmo de receitas do setor em janeiro e fevereiro de 2020, antes de a covid-19 se abater sobre a maioria dos países.
“O quadro adverso ainda não se reverteu. Ao contrário dos demais serviços, as atividades turísticas ainda operam ‘no vermelho’ em relação ao início da crise sanitária, embora haja, claramente, uma tendência de redução das perdas mensais ao longo dos últimos meses”, diz um trecho do relatório divulgado pela Divisão Econômica da CNC.
Na tendência de redução de perdas, o faturamento de dezembro passado ficou R$ 10,2 bilhões abaixo do padrão anterior à pandemia. No auge das perdas, em julho de 2020, a frustração de receitas foi de R$ 34,9 bilhões.
A recuperação parcial do setor de turismo tampouco foi suficiente para retomar a quantidade de postos de trabalho perdidos. Nos cálculos da CNC, 476 mil vagas formais foram fechadas em 2020, nos registros do Caged, cadastro administrativo de admissões e demissões do Ministério do Trabalho. Em 2021, na retomada, o saldo entre admissões e demissões aponta para a criação de 150,9 mil postos de trabalho, menos de um terço do total perdido.
Nas projeções da CNC, nem em 2022 o setor de turismo recuperará as perdas da pandemia. Em 2021, o volume de serviços prestados nas atividades turísticas cresceram 21,1% ante 2020, como informou nesta quinta-feira, 10, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo com o crescimento do ano passado, as atividades turísticas chegaram a dezembro passado 11,4% abaixo do nível de fevereiro de 2020, antes da pandemia. Só que a CNC estima que essas atividades crescerão apenas 1,7% este ano.
“O turismo, afetado pela conjuntura econômica menos favorável e prejudicado pelo cancelamento de eventos relevantes no processo de geração de receitas, tende a crescer menos”, diz o relatório da CNC.
Por Vinicius Neder
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