Diante da crescente preocupação com a forma como as empresas lidam com questões ambientais, principalmente na Bolsa brasileira, a sigla ESG (ambiental, social e de governança, do inglês) tem se tornando a palavra-chave para uma boa avaliação de sustentabilidade dos negócios por parte de investidores e consumidores.
No entanto, enquanto o Enviromental (Ambiental) e o Social são destaques na conversa, o Governance (Governança) também tem se mostrado essencial na hora de determinar qual empresa receberá seu investimento. Emanuel Pessoa, advogado especialista em Política Econômica Internacional, Negociação de Contratos, Inovação e Internacionalização de Empresas, em entrevista ao Mercado News, afirmou que a governança ajuda os investidores, principalmente os institucionais, a reduzirem seus custos de controle, transação e oportunidade. Traduzindo, a empresa demanda menos observação por parte do investidor.
Além disso, de acordo com Pessoa, a prática alinha melhor os interesses da empresa levando em consideração o interesse dos sócios, e não apenas no interesse dos gestores. Assim, estatisticamente, as empresas com melhor governança corporativa têm maiores retornos no mercado de ações.
“Se você tem uma empresa com uma melhor governança, mesmo que dê uma taxa de lucro menor, é mais provável que sobreviva. Se é uma empresa com péssima governança e taxa maior, é mais provável que ela dê problema”, explicou o especialista.
Mas o que é governança corporativa?
Em suma, nas palavras de Pessoa, governança é o conjunto de mecanismos que existem para você tentar lidar com o conflito entre propriedade e gestão. Ela lida por exemplo, com gestão de risco empresarial, que seria identificar quais são os problemas internos da empresa e suas soluções, sem que aquilo “trave” o funcionamento da companhia.
O analista Enrico Cozzolino da Levante destaca que a governança está muito relacionada a questão ética e de hábitos. “Comportamentos vão mudando. A cultura da empresa acaba esbarrando no quesito governança”, disse.
Como identificar uma empresa com boa governança?
Para Emanuel Pessoa, gestoras, assets e fundos de investimento são o que há de mais próximo de exemplos de uma boa gestão corporativa no Brasil. “Até porque essas empresas sofrem níveis de auditagem que não são comuns para a maioria das empresas no Brasil”, complementa o advogado.
Cozzolino recomenda observar a transparência da companhia e checar seu site de RI (Relações com Investidores). “O investidor pessoa física precisa ir ao site de RI olhar quais são as políticas ESG”, explicou. “Olhar o que ela está propondo que faz e o que de fato faz.”
De acordo com Pessoa, a governança é um imperativo necessário para três coisas indispensáveis para um bom investimento. A primeira é aumentar o equity. Ou seja, empresas que possuem uma boa governança, na hora de receber o due diligence (processo de investigação de informações de determinada empresa) normalmente possuem o valuation (valoração) mais alto. A segunda é a boa gestão administrativa, onde há papéis bem definidos e clareza para os funcionários. O que nos leva a terceira: a redução de “briga” entre sócios, que é o principal fator de quebra de uma empresa economicamente saudável.
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