Presidente da Eurasia, Ian Bremmer afirmou nesta segunda-feira, 3, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é “claramente favorito” na disputa presidencial deste ano. Durante entrevista coletiva virtual, o analista notou que os mercados veem com ressalvas a possibilidade de aumento de gastos fiscais e de impostos, em um eventual terceiro governo do petista. Segundo Bremmer, os riscos com o cenário político ao longo deste ano “podem ser exagerados nos mercados”, antes da disputa nas urnas. Também presente no evento, o chairman da Eurasia, Cliff Kupchan, considerou que alguns investidores estão reagindo mais a manchetes do que ao quadro de fato existente no País.
Bremmer acredita que o resultado mais provável do quadro político no Brasil “é de crescimento menor, não de colapso econômico”. Ele lembrou de declarações anteriores do atual presidente, Jair Bolsonaro, questionando o sistema eleitoral e aventando eventual fraude em caso de derrota. Para o analista, porém, o sistema político nacional é “mais do que capaz” de lidar com essa situação. Pode, contudo, haver episódios de violência em alguns Estados, considerou, mas descartando o risco de um golpe de Estado.
Em seu relatório, a Eurasia prevê que Lula adotará uma abordagem pragmática na política econômica, caso vença. A potencial escolha de um companheiro de chapa centrista, como o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, é um “sinal claro do que está por vir”, para ela. “Lula terá de entregar suas promessas por mais gastos, mas compensará com impostos mais elevados e uma nova regra fiscal”, acredita a consultoria. “Diante de uma dívida muito elevada e da carga tributária, estas não são boas notícias. O resultado é crescimento fraco e um terceiro mandato muito difícil”, prevê. “Mas o país não está caminhando para um colapso político ou econômico.”
A Eurasia vê Bolsonaro como o provável rival de Lula em um segundo turno. Caso as pesquisas mostrem que o atual líder deve perder, ele deve intensificar ataques ao Judiciário, à imprensa e ao processo eleitoral em si. Para a consultoria, as Forças Armadas não irão se unir a Bolsonaro em uma eventual contestação eleitoral. Em seu relatório, a consultoria não coloca o Brasil como um dos “principais riscos” de 2022, mas como um tema que será monitorado ao longo do ano.
Questionado na coletiva sobre uma possível onda de vitórias de candidatos de esquerda na região, após a eleição de Gabriel Boric no Chile e a de Pedro Castillo no Peru, Bremer considerou que há muito mais um quadro de rechaço aos líderes até então no poder do que uma onda de volta de governos à esquerda.
Por Gabriel Bueno da Costa
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