Os juros futuros ampliaram o movimento de queda na hora final da sessão regular, à medida que os agentes responderam o cenário de inflação doméstica. Enquanto aguardam os dados do IPCA-15 de dezembro, que deve marcar a primeira desaceleração em 12 meses em um ano e meio, os participantes desse mercado aproveitam o fim de ano para desmontagem de posições em índices mais altos. E como a liquidez está um pouco mais tímida, movimentos pontuais têm impacto superdimensionado na curva. Os arranjos finais em torno do Orçamento de 2022 contribuíram para chancelar o alívio dos prêmios, uma vez que ainda não apareceram surpresas fiscais negativas.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 recuou de 11,549% no ajuste de ontem a 11,405% (regular) e 11,395% (estendida). A do janeiro de 2025 cedeu de 10,507% a 10,39% (regular) e 10,415% (estendida). E a do janeiro 2017 passou de 10,406% a 10,35% (regular e estendida).
Em termos de liquidez, de ontem para hoje já houve algum enxugamento, mais significativo no miolo da curva. Na segunda-feira, foram negociados 675 mil contratos do janeiro 2023, 278 mil do janeiro 2025 e 101 mil do janeiro 2027. Hoje, foram, respectivamente, 613 mil, 140 mil e 102 mil.
Como pano de fundo, a percepção dos agentes é de que o pior para a inflação ficou para trás, ainda que os níveis de preços estejam muito altos. A expectativa do mercado é que o IPCA-15, que sai depois de amanhã, corrobore essa aposta. A mediana do Projeções Broadcast aponta para um alívio na margem (para 0,82%, de 1,17% em novembro), puxado por combustíveis. Será também a primeira desaceleração em 12 meses em um ano e meio (de 10,73% a 10,47%). Ainda assim, o índice deve marcar, ao fim de 2021, o patamar mais alto desde os 10,71% de 2015.
É aguardado também o desfecho da novela orçamentária, potencialmente ainda hoje no Plenário, o que ajuda na descompressão das taxas. Ao impasse que travava a votação na Comissão Mista de Orçamento (CMO) foram propostas duas soluções: o valor do fundo eleitoral em 2022 foi reduzido um pouco, de R$ 5,1 bilhões a R$ 4,9 bilhões; e o reajuste a policiais federais ficou com R$ 2,0 bilhões (sendo R$ 1,7 bilhão com impacto nas despesas primárias).
Por Mateus Fagundes
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