A startup carioca Gabriel vai expandir suas fronteiras e passar a operar em São Paulo. O nome de anjo da guarda não é por acaso. A empresa atua no setor de segurança e tem como objetivo combater a violência por meio de tecnologia e inteligência.
Os bairros de Jardins e Pinheiros, na capital paulistana, serão os primeiros fora do Rio de Janeiro a receber as câmeras de vigilância, que captam imagens de espaços públicos. O projeto será financiado com parte do aporte Series A, recebido em outubro, no total de R$ 66 milhões, liderado pelo Softbank.
“Queremos contribuir para uma mudança de cultura, pensando a segurança pelo caminho da inteligência. O viés do combate à violência não precisa passar pelo tiro, porrada e bomba. Não é mais uma questão de muque, é de conhecimento”, afirmou o cofundador da startup, Otávio Miranda, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Com cerca de 2 mil câmeras no Rio, a Gabriel decidiu acelerar a expansão para São Paulo após uma mobilização de moradores dessa região. A startup estima que mais de 300 equipamentos sejam distribuídos até o final do ano por Jardins e Pinheiros. As câmeras de alta definição, instaladas em imóveis residenciais e comércios, são capazes de transmitir imagens para a nuvem, onde ficam armazenadas por seis meses.
O conteúdo gravado é disponibilizado às autoridades, em questão de horas, com informações como rotas de fuga ou veículo usado para o crime. Em 2021, as imagens e dados captados pela infraestrutura da Gabriel ajudaram na investigação de 200 ocorrências registradas no Rio de Janeiro. No total, as apurações resultaram em 30 prisões. Por meio do aplicativo, a Gabriel ainda oferece aos moradores o botão de alerta que em poucos segundos aciona a central 24 horas da empresa.
O interesse em soluções inovadoras para driblar a insegurança foi o que motivou os moradores de Jardins e Pinheiros a recorrerem aos serviços da startup à medida que veem crescer relatos de diferentes eventos, como furtos ou tentativas de invasão, segundo Eduardo Carvalho Simone Pereira, diretor executivo da Umuarama, administradora de condomínios e imobiliária, com sede na região e responsável por cerca de 230 condomínios.
“Além dos benefícios do efeito de rede, as câmeras são de alta definição e o processo de monitoramento é seguro, evitando dois problemas bem comuns: imagens de baixa qualidade e agilidade nas soluções. Com o bairro integrado e o produto certo, tanto a sensação quanto a própria segurança tendem a aumentar”, avalia o representante dos moradores.
Privacidade
A privacidade é um tema sensível para a startup diante do alto grau de acesso a informações e imagens. De olho nisso, a Gabriel toma medidas para evitar que o material captado seja utilizado para promover casos de linchamento ou de “justiça pelas próprias mãos”. Por exemplo, um usuário da plataforma que seja vítima de um crime pode ter acesso às imagens. No entanto, nesse caso, o rosto do criminoso e outros traços identificadores são borrados. O acesso ao conteúdo completo só é garantido às forças policiais por meio de um ofício.
“O nosso foco é na ação e não na presunção. Carregamos um conjunto muito grande de preconceitos e a tecnologia é fundamental para combater isso”, diz Miranda.
Para ilustrar, o executivo cita um caso que repercutiu nacionalmente neste ano. Após um casal acusar um homem negro de roubar uma bicicleta no Leblon, bairro do Rio de Janeiro, uma câmera da startup instalada na região ajudou a inocentar o rapaz e identificar o verdadeiro culpado. Além disso, por meio da identificação da rota feita pelo ladrão, direcionou a polícia até outras bicicletas roubadas pelo mesmo criminoso.
Por Elisa Calmon
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